Entre erros políticos, uma crise financeira e o silêncio que marcou os últimos tempos, a potência asiática enfrenta outro “pesadelo”: a “má qualidade de sono”.
A China está a passar por um mau bocado.
No mês passado, deixou oficialmente de ser o principal exportador para os EUA, algo que pode ser visto como um dos vários sinais que indicam que a sua era de domínio económico está a chegar ao fim.
Na sua caminhada até à glória, o país asiático foi cometendo erros políticos: enorme bolha no mercado imobiliário, dívidas enormes em várias províncias, falta de transição para economia de mercado e dependência excessiva do investimento.
Há uma crise financeira que foi admitida pelo próprio presidente.
Na semana em que terminaram as duas sessões do órgão máximo legislativo da China, a Assembleia Nacional Popular, a especialista em assuntos económicos chineses Christiane Prange recordou a ausência da tradicional conferência de imprensa do primeiro-ministro chinês, Li Qiang, “o que significa que existem provavelmente mais problemas do que aqueles que podemos ver e que são voluntariamente comunicados ao público”.
“Penso que este é um indicador de que existem problemas sérios”, afirmou Prange, que enumerou dificuldades ao nível do setor económico, desde o consumo interno até à dupla circulação, ou seja, os âmbitos interno e o externo.
Agora, o país enfrenta agora um novo problema: não consegue dormir.
Maioria dos chineses sofre de insónias
Um relatório recente da Sociedade Chinesa de Investigação do Sono concluiu que 59% dos chineses sofrem de insónias e 28% dormem menos de seis horas por dia, informou hoje o jornal oficial China Daily.
De acordo com o relatório, 29% dos chineses vão para a cama antes das 23:00, enquanto 47% depois da meia-noite e 13% depois das 02:00.
Os chineses nascidos depois de 2000 vão dormir, em média, às 00:33, ao contrário dos nascidos antes de 1970, que o que fazem às 23:02, lê-se no documento.
O estudo concluiu ainda que 64% dos inquiridos têm “má qualidade de sono”, enquanto apenas 19% não têm perturbações do sono, incluindo despertares noturnos, dificuldade em adormecer e levantar-se demasiado cedo.
O relatório revelou diferenças geracionais nos problemas de sono, com os reformados a terem despertares noturnos e os jovens a terem problemas em adormecer.
Entre os estudantes universitários, 56% utilizam o telemóvel mais de oito horas por dia e mais de metade vai para a cama depois da meia-noite.
Verificou-se ainda uma correlação entre o estilo de vida e a qualidade do sono: as pessoas que praticam exercício físico regularmente tendem a deitar-se e a levantar-se mais cedo, mas, surpreendentemente, dormem quase 14 minutos menos do que as pessoas que praticam menos exercício físico.
Os trabalhadores de escritório, por outro lado, dormem mais 33 minutos nos dias não úteis.
A qualidade do sono dos habitantes do segundo país mais populoso do mundo é igualmente afetada pelo consumo de álcool: os consumidores de álcool têm a sua duração de sono reduzida em 27 minutos, em média, em comparação com os abstémios.
O estudo envolveu mais de dez mil pessoas, incluindo trabalhadores, estudantes e reformados.
ZAP // Lusa