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China e Rússia vão usar um antigo sistema de comércio para fugir às sanções do Ocidente

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Xinhua / EPA

O presidente chinês Xi Jinping e o presidente russo Vladimir Putin

As sanções económicas ocidentais são tão apertadas que a Rússia e a China poderão em breve usar um sistema de comércio ancestral, que já antes deu boas provas, para as suas transações comerciais: a troca direta.

A Rússia e a China estão a planear reavivar a antiga prática do comércio de troca direta para contornar as sanções ocidentais,

Os acordos entre os dois países poderão envolver a agricultura e estar concluídos já no outono, diz a agência Reuters.

Fonte de uma empresa industrial russa disse à agência noticiosa que empresas russas estavam também a considerar a troca de metais por importações de maquinaria chinesa.

Estes acordos estão a ser discutidos numa altura em que o comércio entre os dois países se tornou cada vez mais difícil devido ao agravamento das sanções ocidentais contra a Rússia, após a sua invasão total da Ucrânia em fevereiro de 2022.

Segundo o Insider, cerca de 80% das transferências bancárias efetuadas em yuan chinês nos últimos meses foram devolvidas sem qualquer explicação, depois de terem sido bloqueadas durante semanas, enquanto os bancos decidiam se podiam efetuar transações.

Até este ano, a Rússia e os seus parceiros comerciais contornaram as sanções recorrendo a bancos mais pequenos e a outros modos de pagamento ou a moedas que não o dólar americano para contornar a proibição imposta pelo Ocidente aos bancos russos de usar o sistema SWIFT de pagamentos.

No entanto, esta estratégia tem vindo a deparar-se com obstáculos desde que os EUA aprovaram sanções secundárias contra instituições financeiras que estavam a ajudar a Rússia. Estas restrições levaram os bancos mundiais, da China aos Emirados Árabes Unidos, Turquia e Áustria, a reduzir as transações com a Rússia.

Uma vez que o comércio de troca direta não exige pagamentos monetários, a adoção deste ancestral sistema de comércio permitiria à Rússia e à China contornar estas questões.

Não seria a primeira vez que a Rússia usaria o comércio de permuta, que foi  praticado durante a era soviética e nos anos que se seguiram ao colapso do bloco. Nessa altura, a China era um parceiro comercial fundamental.

Em agosto de 2022, o regime talibã no Afeganistão também discutiu o comércio de permuta com a Rússia, que poderia envolver o comércio de produtos petrolíferos russos em troca de passas, minerais e ervas medicinais.

O Irão, fortemente sancionado, e o governo indiano também estiveram em conversações com a Rússia para praticar o comércio de permuta nos primeiros meses da guerra na Ucrânia. No ano passado, o Paquistão, sem dinheiro, autorizou o comércio de bens específicos com a Rússia.

Não se sabe se alguma das partes acabou por celebrar algum acordo de troca direta com a Rússia.

Já a Índia, uma das maiores economias mundiais, conseguiu contornar os problemas de pagamento e tornar-se um dos principais parceiros comerciais da Rússia.

Ainda assim, o comércio de troca direta não é muito praticado na sociedade moderna.

“A troca de bens por outros bens tem de ser contabilizada manualmente, o que cria dificuldades a qualquer empresa de grande dimensão ou tecnologicamente avançada que use sistemas de contabilidade automatizados”, explicava em 2022 a analista Alexandra Prokopenko, membro do Carnegie Russia Eurasia Center.

Há ainda um problema mais difícil de resolver, acrescenta Prokopenko: o comércio de troca direta dificulta a cobrança de impostos.

Segundo o Insider, as autoridades russas estão entretanto a trabalhar noutras formas de contornar as sanções de pagamento ocidentais,  incluindo a criação de métodos de pagamento alternativos — incluindo sistemas baseados em criptomoedas.

ZAP //

1 Comment

  1. com as Sanções a Alemanha duplicou os custos com a Energia, montes de Empresas encerraram as usas Empresas e deslocaram para outros Países onde os custos são mais Baixos , depois das Ferias muitas Empresas já não vão abrir porque enquanto os colaboradores foram de ferias aproveitaram para fechar e abrir em outros Países mais atrativos, e como a Alemanha , a França , entre outros Países estão a fazer o mesmo, afinal as Sanções estão a prejudicar quem?

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