A China pode deixar a Europa sem medicamentos

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A China é um dos principais exportadores de medicamentos do mundo e um conflito armado em Taiwan pode abalar as cadeias de abastecimento de ingredientes para as farmacêuticas europeias.

Uma das consequências de um conflito armado entre a China e Taiwan pode ser um grande congestionamento no abastecimento de medicamentos vitais para a Europa. O alarme está a ser soado pelas farmacêuticas baseadas no velho continente.

“Uma crise em Taiwan pode causar escassez total de alguns medicamentos. Seria uma situação dramática”, explica Roberta Pizzocaro, presidente da Olon, uma empresa que cria 300 ingredientes para diferentes fármacos.

Esta ameaça paira no ar numa altura em que as tensões entre Pequim e Taipei estão ao rubro. Xi Jinping tem reiterado nos seus discursos que a reunificação com a ilha é uma prioridade do seu Governo e que está disposto a usar a força para retomar o território. Ao mesmo tempo, a força aérea chinesa tem feito cada vez mais incursões no espaço aéreo de Taiwan e há receios de que uma guerra possa rebentar até 2025.

Joe Biden já prometeu que as tropas norte-americanas apoiarão Taiwan neste cenário, mas não se sabe ao certo como é que a Europa responderia. Uma coisa é certa: as cadeias de abastecimento europeias seriam abaladas, dada a importância comercial do estreito de Taiwan.

“Se a China ataca Taiwan e avançarmos com sanções como com a Rússia, o mercado farmacêutico seria virado ao contrário. Todos os sabem, mas talvez não o dizem. Não temos muitas alternativas”, afirma Gian Paolo Negrisoli, executivo da empresa farmacêutica Flamma Group, ao Politico.

A China tornou-se fundamental no mercado famarcêutico nos últimos 20 anos. O país é um dos principais produtores de antibióticos, analgésicos e medicamentos para a pressão arterial e de ingredientes fundamentais para a produção de penicilina.

Pequim também fornece ingredientes básicos que as farmacêuticas europeias usam na sua produção. A Europa produz agora apenas um quarto dos ingredientes activos dos medicamentos mundiais, uma quebra em relação à metade que produzia em 2000, e depende mais das importações.

A pandemia já nos deu um vislumbre do que pode acontecer caso hajam disrupções na cadeia de abastecimento de medicamentos. Na altura, a Índia baniu as exportações de paracetamol mediante uma onda de infecções no país e só voltou atrás na decisão após muitos esforços diplomáticos.

O grande pico de casos não durou muito tempo e as empresas ainda não tinham algum inventário, o que permitiu que a falta de medicamentos não fosse muito notada. Mas no caso de uma guerra em Taiwan, ninguém sabe quanto tempo duraria.

No mês passado, a Bélgica propôs a criação de uma lei para os medicamentos, como a que já foi aprovada para os chips. A legislação iria incentivar a produção de fármacos essenciais e de ingredientes improtantes, reduzindo a dependência da China e da Índia. Já 21 países disseram que apoiam a ideia.

Adriana Peixoto, ZAP //

9 Comments

  1. A Europa mais uma vez a dar tiros nos próprios pés. Mandaram fabricar tudo na China para pagarem mão de obra mais barata e não para aumentar salários aos trabalhadores e agora pagam o preço pois a China e a Rússia não alinham no jogo do Ocidente e ainda bem.

  2. Isso é que era TOP
    Metade dos doentes deixava de estar doente.. ACORDEM
    Ouçam o Dr Lair Ribeiro sobre medicamentos

  3. A Europa anda adormecida com dirigentes medíocres e preocupados em enriquecer. Uma questão que devemos colocar e exigir resposta é: como chegamos a isto?

    • O amigo quando vai às compras, e se tiver de optar por dois produtos praticamente iguais ou mesmo iguais, vai preferir o mais barato ou o mais caro?
      É que a resposta à sua questão pode estar em si.

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