China critica comentários “ignorantes” do secretário de Estado norte-americano

Gage Skidmore / Flickr

O secretário de Estado norte americano, Mike Pompeo

A imprensa oficial chinesa classificou esta segunda-feira de “ignorantes e mal-intencionadas” as afirmações do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, que pediu aos líderes da América Latina que mantenham os “olhos bem abertos” para os investimentos chineses.

“Os seus comentários expõem a atitude intimidatória dos Estados Unidos na região, mas os dias em que Washington podia ditar a sua vontade nesses países já vão longe”, lê-se no editorial do jornal em língua inglesa China Daily.

Este fim de semana, Pompeo avisou que, “em algumas partes do mundo, os investimentos chineses deixaram os países numa situação má, e que isso nunca deveria acontecer”.

O China Daily classificou as afirmações de Mike Pompeo de “ocas”, “não baseadas em factos ou na realidade” e “sintoma das inseguranças dos Estados Unidos na região”. “A China procura sempre a cooperação com outros países no espírito do respeito, igualdade e benefício mútuo”, afirmou.

O jornal oficial Global Times considerou nesta segunda-feira os comentários de Pompeo “desrespeitosos” e acusou Washington de tentar “abrir uma brecha” entre as “crescentes” relações sino-latino-americanas.

Em junho, o Panamá rompeu relações diplomáticas com Taiwan e estabeleceu relações com Pequim. Este ano, outros dois outros países latino-americanos, El Salvador e República Dominicana, seguiram o mesmo caminho.

Washington está revoltado com isto e, no mês passado, criticou esses três países por terem cortado relações com Taiwan, o que é uma óbvia interferência nas suas soberanias”, denunciou o Global Times.

As declarações de Pompeo surgem numa altura de crescentes disputas comerciais entre os EUA e a China, suscitadas pela ambição chinesa para o setor tecnológico, com os países a punirem as exportações de ambos os lados com taxas alfandegárias.

Em fevereiro, o então chefe da diplomacia norte-americana, Rex Tillerson, advertiu também a América Latina para os avanços dos “predadores” Rússia e China, que só se preocupam com o “benefício próprio”. Tillerson acusou o país asiático de procurar “lucros a curto prazo” e prejudicar a indústria dos países da região.

Segundo a Comissão Económica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe (Cepal), o comércio entre a China e a América Latina fixou-se, no ano passado, nos 266.000 milhões de dólares (215.600 milhões de euros).

Ao longo da última década, a China emprestou aos países da região 141.000 milhões de dólares (114.300 milhões de euros).

// Lusa

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