China “planeou colisão de carro” durante visita da vice-presidente de Taiwan a Praga

Taiwan Presidential Office / Flickr

A vice-presidente de Taiwan, Hsiao Bi-khim

Os serviços secretos da República Checa revelaram que diplomatas chineses terão alegadamente planeado um incidente encenado durante a visita de Hsiao Bi-khim em 2024. “Não se metam nos assuntos internos da China”, diz um porta-voz de Pequim.

Diplomatas e serviços secretos chineses seguiram a Vice-Presidente eleita de Taiwan, Hsiao Bi-khim, e planearam intimidá-la fisicamente quando visitou Praga no ano passado, diz um relatório da inteligência militar checa, revelado na sexta-feira.

O relatório dos serviços secretos checos detalha que funcionários chineses planearam encenar uma colisão de automóvel durante a visita da vice-presidente taiwanesa.

Na altura, recorda a Reuters, houve relatos de que um diplomata chinês tinha passado um semáforo vermelho enquanto seguia no seu carro, sob escolta policial, do aeroporto.

Os detalhes do plano contra Hsiao foram inicialmente revelados pela estação de rádio pública checa, Irozhlas, na quinta-feira.

Segundo o The Guardian, o incidente fazia parte de um plano muito maior por parte de diplomatas chineses e agentes dos serviços secretos a trabalhar a partir da embaixada em Praga.

Hsiao Bi-khim, que visitou a República Checa em março de 2024, na primeira visita ao estrangeiro após a vitória nas eleições de janeiro do ano passado, reagiu à notícia afirmando que “não se deixará intimidar“.

Este sábado, Hsiao agradeceu às autoridades checas por terem garantido a sua segurança durante a visita. “As atividades ilegais do Partido Comunista da China NÃO me vão impedir de defender os interesses de Taiwan na comunidade internacional”, disse numa publicação nas redes sociais.

Petr Bartovský, diretor do serviço de informações militares checo, disse ao Irozhlas que o condutor parado pela polícia estava apenas a seguir Hsiao, mas que o serviço também tinha identificado planos, executados a partir da embaixada chinesa, para “confrontar demonstrativamente a Sra. Hsiao“.

O plano envolvia uma “tentativa do serviço secreto civil chinês de criar condições para realizar uma ação cinética demonstrativa contra uma pessoa protegida, que no entanto não foi além da fase de preparação”. A atividade dos agentes chineses foi “ao ponto de pôr em perigo Hsiao“.

Segundo o porta-voz dos serviços secretos checos, “estas atividades, que violam flagrantemente as obrigações da Convenção de Viena sobre relações diplomáticas, foram conduzidas por indivíduos com cargos diplomáticos na embaixada chinesa em Praga”.

O conselho de assuntos continentais de Taiwan, focado na China, condenou as ações chinesas, que disse “ameaçaram gravemente a segurança pessoal da vice-presidente Hsiao e da sua comitiva”, e exigiu uma explicação e um pedido de desculpas público.

Guo Jiakun, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, salientou que os diplomatas chineses “sempre observam as leis e regulamentos dos países anfitriões”.

O porta-voz da diplomacia chinesa acrescenta no entanto que o governo checo tinha “interferido grosseiramente nos assuntos internos da China” ao permitir a visita de Hsiao Bi-khim, a quem chama “separatista obstinada da independência de Taiwan” — acusação punível na China com a pena de morte.

A China insta a parte relevante a evitar ser incitada ou usada pelas forças da ‘independência de Taiwan’, e a abster-se de criar problemas, espalhar rumores, e perturbar e prejudicar as relações bilaterais”, alerta Guo Jiakun.

Há décadas que Pequim pretende anexar Taiwan, sob a alegação de que é uma província chinesa atualmente governada por separatistas, e opõe-se veementemente a outros governos que ajam de qualquer forma que confira legitimidade ao governo democraticamente eleito de Taiwan.

ZAP //

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