Uma nova investigação aborda as relações emocionais dos chimpanzés, nomeadamente o reconhecimento dos pais biológicos e a correlação genética desses vínculos emocionais.
Os chimpanzés são animais extremamente sociais que, quando atingem a idade adulta, formam fortes laços entre eles. Estes laços proporcionam-lhes vários benefícios, como proteção mútua e partilha de alimentos.
Recentemente, uma equipa de investigadores da Universidade de Michigan e da Universidade Estadual do Arizona, nos Estados Unidos, publicou um artigo científico no American Journal of Primatology que contém as conclusões dos cientistas após várias observações de laços que se formam entre estes animais.
Depois de observarem as relações sociais de 19 chimpanzés adolescentes do sexo masculino, com idades entre os 12 e os 21 anos, a equipa concluiu que, normalmente, os chimpanzés tendem a criar laços de amizade com os irmãos maternos ou com machos mais velhos – entre eles os próprios pais biológicos.
De acordo com o IFL Science, aos 12 anos, quando os chimpanzés rompem a ligação de dependência que até esta idade mantêm com a mãe, estes animais começam a fazer fortes amizades com machos. Estes laços variam em proximidade – ou seja, os chimpanzés do mesmo subgrupo alimentaram-se juntos, usaram os dedos do amigo para pentear os seus pêlos e não se afastaram mais do que 4,5 metros um do outro.
Aaron Sandel, professor de Antropologia na Universidade do Texas, defende que este tipo de interação é equivalente a uma reunião de humanos num café, por exemplo.
Os cientistas observaram ainda que os chimpanzés mais novos passavam mais tempo perto dos seus irmãos maternos. Ainda assim, muitos dos relacionamentos mais próximos foram estabelecidos entre machos idosos e “aposentados”, e envolviam até os pais biológicos.
Esta preferência de relacionamento foi atribuída a machos mais velhos que mantêm um bom relacionamento com a comunidade, mas que não competem por uma posição na hierarquia.
“É como se os chimpanzés tivessem figuras paternas e alguns deles fossem o próprio pai”, explicou Sandel, sublinhando a diferença entre as fêmeas, que acasalam com machos diferentes durante a ovulação, por exemplo.
“Isto foi realmente surpreendente, porque as fêmeas do chimpanzé acasalam com vários machos enquanto ovulam, e não há cuidado por parte dos pais na criação de um chimpanzé. Por isso, não há razão para pensar que ela ou os próprios machos saibam quem é o pai dos seus filhos e vice-versa.”
Esta descoberta é peculiar, principalmente se levarmos em conta que as relações entre pai e filho nos chimpanzés surgem mesmo que os primeiros não se envolvam na criação do segundo, um ponto vital para o estabelecimento de relações entre pais e filhos em humanos.