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Mais problemas no Brasil: afectados pelas cheias em contacto com coliformes fecais e bactéria

André Borges / EPA

Consequência das cheias em Porto Alegre, Brasil

80 amostras recolhidas em Porto Alegre, Guaíba e Eldorado do Sul mostram alta concentração de bactérias. Duas mortes confirmadas.

A dimensão da tragédia no Rio Grande do Sul ainda não é totalmente conhecida.

O Estado do Brasil, que tem o triplo do tamanho de Portugal, está a ser afectado há quase um mês por temporais, inundações.

Há oficialmente 161 mortos, mas ainda há 82 pessoas desaparecidas. Estima-se que ainda muitos mais cadáveres possam aparecer durante os trabalhos de resgate.

No meio desses trabalhos de resgate, surge outra preocupação para os sobreviventes: doenças.

A Universidade Federal do Rio Grande do Sul realizou uma análise preliminar da água das cheias em Porto Alegre, Eldorado do Sul e Guaíba.

A investigação reuniu 80 amostras de água durante os resgates e descobriu que os sobreviventes podem ter estado em contacto com coliformes fecais e com a bactéria E. coli.

Os coliformes fecais são bactérias presentes no intestino do ser humano e de animais de sangue quente.

A Globo lembra que, para uma praia ser considerada própria para banho, não pode ter mais de 2 mil bactérias Escherichia coli por 100 milímetros. Nas águas das enchentes, havia concentrações superiores a este valor – e prejudiciais para a saúde.

Estes valores superiores podem indicar a presença de várias doenças relacionadas com animais de sangue quente (aves e mamíferos).

O estudo ainda vai analisar se as amostras são tóxicas. Os especialistas vão verificar se a água tem agrotóxicos, produtos farmacêuticos ou metais como chumbo, cromo e mercúrio.

Leptospirose mata

Entretanto, pouco depois, foi confirmada a segunda morte por leptospirose, uma doença bacteriana transmitida pela água, no estado do Rio Grande do Sul, que sofre de inundações sem precedentes, indicaram as autoridades de saúde.

A Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul confirmou, em comunicado, “o segundo óbito por leptospirose relacionado às enchentes no Rio Grande do Sul”.

Trata-se de um homem de 33 anos que morreu na sexta-feira, tendo a causa da morte sido confirmada após o resultado positivo na amostra em laboratório.

Na segunda-feira, as autoridades já haviam confirmado a primeira morte por leptospirose, num homem de 67 anos.

“Mesmo que a leptospirose seja uma doença endémica, com circulação sistemática, episódios como a dos alagamentos aumentam a chance de infeção. Por isso é importante que a população procure um serviço de saúde logo nos primeiros sintomas: febre, dor de cabeça, fraqueza, dores no corpo (em especial, na panturrilha) e calafrios”, avisaram as autoridades regionais.

As equipas da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) descrevem como catastrófica a situação humanitária deixada pelas inundações no Rio Grande do Sul, cujo impacto estimam como irreparável, com mais de 150 mortos e cerca de 100 desaparecidos.

“A situação é catastrófica. Quando chegámos e percorremos a região de helicóptero, pudemos ver as cidades de cima e reparámos que, em alguns casos, não conseguíamos sequer ver os telhados das casas. São quilómetros e quilómetros, e tudo o que há é água”, descreve a coordenadora médica dos MSF, Rachel Soeiro, num comunicado hoje divulgado pela organização não-governamental.

ZAP // Lusa

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