Relatório nos EUA coloca Chega ao lado de neonazis

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Miguel A. Lopes / Lusa

Há 13 grupos radicais de extrema-direita, segundo o documento. André Ventura acha que a conclusão norte-americana é um “disparate”.

Um relatório norte-americano considera o Chega um grupo de ódio e de extrema-direita.

Foram identificados, em Portugal, 13 grupos radicais de extrema-direita. Na lista, ao lado do Chega, estão os partidos ADN e PNR, e organizações como os Proud Boys, Hammerskins e Movimento Social Nacionalista.

O relatório foi elaborado pelo Projeto Global contra o Ódio e Extremismo (GPAHE, na sigla em inglês), dos Estados Unidos da América. O projeto já publicou estudos sobre o extremismo de direita em Portugal, França, Irlanda, Austrália e Bulgária.

Neste universo, o Chega é quem domina “cada vez mais” a extrema-direita portuguesa, indica o relatório, que salienta que o partido tem “trabalhado para envenenar o discurso nacional com uma retórica racista, antiLGBTQ+, anti-imigração e anticiganos”.

“O Chega, que superficialmente se assemelha aos típicos partidos populistas de extrema-direita de toda a Europa, também é o vetor comum para movimentos mais radicais da extrema-direita portuguesa, incluindo nacionalistas, identitários, conspiracionistas, supremacistas brancos, nostálgicos de Salazar, nacionalistas cristãos e outros que apoiam o autoritarismo”, lê-se.

O relatório salienta também que está em curso uma “tendência de internacionalização” na extrema-direita portuguesa, com a reprodução de teorias da conspiração populares em movimentos estrangeiros de direita radical.

Analisando depois especificamente o Chega, o relatório caracteriza o partido como sendo “altamente centralizado” na figura de André Ventura, “extremamente anti-imigração e contra muçulmanos” e com um “ódio especial ao povo cigano”.

“Disparate”

O presidente do Chega, André Ventura, considerou que o relatório que considera que o partido tem sido um vetor comum para “movimentos mais radicais da extrema-direita portuguesa” é um “disparate”.

“À seriedade o que é sério, ao disparate o que é disparate. Estamos a falar de uma ONG [organização não governamental] que tem duas pessoas”, afirmou aos jornalistas André Ventura, em Pedrógão Grande, no norte do distrito de Leiria, onde hoje marca presença na cerimónia de homenagem às vítimas dos incêndios de 2017.

O líder do Chega ironizou que “amanhã o Chega também pode constituir uma associação qualquer, em Espanha, na Finlândia, na Suécia, e dizer que o Bloco de Esquerda é um perigo para a democracia”.

“E depois publicamos isso e dizemos ‘ah, estão a ver, está aqui um grande perigo’”, considerou.

Lembrando que o Chega é um partido político inscrito no Tribunal Constitucional, além de que é o terceiro maior, André Ventura considerou que “isto é desrespeitar os eleitores”.

Para André Ventura, o objetivo deste relatório é “atingir os mesmos partidos de sempre (…), os partidos que estão a crescer pela Europa”.

“O objetivo é sempre claro, é quando os partidos começam a crescer vamos tentar destruí-los. Como? Com o fantasma da extrema-direita, com o fantasma do racismo”, adiantou.

Confiança em Pedro Pinto

Noutro contexto, o líder do Chega afirmou que mantém “confiança integral” no líder parlamentar Pedro Pinto, acusado de agredir um árbitro de 18 anos num jogo de futebol infantil, descartando qualquer processo interno de averiguação de factos.

“Já falei com o deputado Pedro Pinto sobre isso e mantém a minha confiança integral”, disse André Ventura, que falava aos jornalistas após chegar ao memorial de homenagem às vítimas dos incêndios de 2017, em Pedrógão Grande, onde estava acompanhado pelo líder parlamentar do partido.

De acordo com vários órgãos de comunicação social, o deputado Pedro Pinto terá insultado e agredido um árbitro de futebol de 18 anos, num torneio infantil de escalões sub-11 e sub-13, no Crato, concelho do distrito de Portalegre.

Para o presidente do Chega, “não houve qualquer agressão e não houve qualquer envolvimento em qualquer facto que tenha sido ilícito”, suportando a sua afirmação num esclarecimento por parte do próprio deputado visado.

“Tive a preocupação de falar com o deputado Pedro Pinto. […] A verdade é que foi desmentido. Não há nenhum elemento que aponte noutro sentido e tenho a maior confiança na liderança da bancada do Chega”, vincou.

Questionado pela agência Lusa sobre se iria avançar com um processo de averiguação interna ou se bastaria apenas a palavra do seu líder parlamentar, André Ventura descartou tal processo, considerando que os factos “não são factos de natureza política nem de natureza parlamentar ou partidária”.

“São factos da vida pessoal e privada”, disse o presidente do Chega, acusando o autarca do Crato de “aproveitamento” e de tentar “denegrir o nome do Chega. Nada mudou”, asseverou.

ZAP // Lusa

10 Comments

  1. Existe um tipo de pessoas que está sempre do lado de quem pode e nunca do lado da vítima.
    Entre o branco e o outro escolhem o branco, entre homem e mulher escolhem o homem, entre toureiro e touro escolhem o toureiro, entre o caçador e a presa escolhem o caçador.
    Garanto: muitos desta direita “cristã” se vivessem há 2000 anos seriam os primeiros a crucificar Cristo.

  2. Projecto GLOBAL… O nome da organização diz tudo
    Extrema Esquerda é uma designação que deixou de existir, ou não é politicamente correcto pronunciar, e tudo o que for contra a Nova Ordem Mundial (Global) é de direita, extrema direita, racista, xenófobo e discriminatório (de género)

  3. “Relatório dos EUA” é uma cortina de fumo para designar relatório de uma organização de esquerda radical que confunde direita radical com neo-nazismo…

  4. Tudo o que vem da América esquerdista é de duvidar. O conceito de nazismo nasceu da esquerda e continuam a atirar areia para os olhos das pessoas

  5. Está visto onde andam os apoiantes da extrema esquerda, só assim se entende esta noticia sensacionalista vindo de uma ONG sem qualquer estudo prévio da legitimidade e fundamentação.

  6. O Ventura pode criticar tudo e todos , e de forma Populista com razão ! ………… Infelizmente , não nos oferece nenhuma confiança , pois não é melhor que os outros .

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