Uma nova investigação na China acompanhou o envelhecimento de 9500 pessoas durante 12 anos e concluiu que o bem-estar psicológico é um factor que reduz a probabilidade de se desenvolver demência.
Para além de ser um objectivo de todos, a felicidade também pode ter consequências positivas na nossa saúde cognitiva e diminuir a probabilidade de se ter demência. São estas as conclusões de um estudo elaborado ao longo de 12 anos na China e publicado em Setembro no Journal of Aging and Health.
Este estudo distingue-se de outros semelhantes por ter acompanhado as pessoas durante um período longo, enquanto que muitos outros que já mostraram os benefícios do bem-estar psicológico nas funções cognitivas se cingiram a um período de análise muito mais curto, o que pode levar a que se subestime a ligação entre os dois factores.
O estudo partiu de um subconjunto de dados de um inquérito, com uma amostra de quase 9500 inquiridos com 60 ou mais anos e sem quaisquer imparidades cognitivas de início, em 2002. Foram depois entrevistados cinco vezes entre 2002 e 2014.
Cerca de 2640 inquiridos tinham indícios de declínio cognitivo numa das entrevistas que se seguiram e os números foram crescendo ao longo do tempo, de quase 11% entre 2002 e 2005 até 13,3% entre 2011 e 2014.
Para se avaliar o impacto da felicidade e bem-estar psicológico na evolução da demência, os inquiridos responderam a questões sobre o seu optimismo, consciência, solidão, auto-estima e o tipo de apoio social que receberam, como visitas de família e amigos, e o seu estado de saúde.
Lydia Li, professora de serviço social na Universidade do Michigan e co-autor do estudo, acredita que saber mais sobre as causas do declínio cognitivo é um problema importante de saúde pública em sociedades cada vez mais envelhecidas.
“As conclusões têm implicações nas políticas e nas prácticas de apoio a pessoas mais velhas para que preservem as funções cognitivas na idade avançada, visto que o bem-estar psicológico é modificável”, afirma num comunicado.
Para além de melhorar a qualidade de vida dos mais idosos, a sociedade em geral também beneficia porque se reduzem os custos e fardos associados aos cuidados mais exigentes precisos para cuidar de quem já está em declínio cognitivo, acrescenta Li.
Apesar de o estudo ter apenas sido feito na China, a investigadora refere que não há razão para que não se possa aplicar as mesmas conclusões a outros grupos étnicos, culturais e geográficos.
Qual é a chave mais simples do que parece?
“Pode ser” é uma afirmação que não carece de grandes estudos…
Toda investigação bem feita é tentativa importante de aprender mas espero que esse estudo não tenha chegado a conclusões óbvias. Manter o cérebro exercitado, manter a motivação para a vida, ter um ambiente familiar saudável, alimentar-se bem, exercitar fisicamente o corpo, ter desafios estimulantes e não frustrantes, me parecem apostas infalíveis na contribuição para evitar a demência.
Esse estudo encontrou alguma coisa inesperada?
A chave para não desenvolver demência é esquecer que pretensamente vivemos numa democracia. Se nos esquecermos disso, então tudo flui.