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EUA pensaram instalar centro de espionagem nas Lajes. Mas não confiaram nos portugueses

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A instalação do centro da Agência Nacional de Seguranças dos EUA na ilha Terceira não avançou porque os Estados Unidos desconfiaram da capacidade das secretas portuguesas em lidar com dados confidenciais.

Os Estados Unidos equacionaram a instalação de um centro de processamento de informação da Agência Nacional de Segurança norte-americana, a NSA, na Terceira, nos Açores, durante o Governo de Pedro Passos Coelho.

No entanto, de acordo com o New York Times, a ideia não terá avançado porque, tanto a NSA, como a CIA, desconfiaram da capacidade dos serviços secretos portugueses de lidar com dados confidenciais dos EUA.

O Público revela também que o Executivo terá mesmo sido informado desta iniciativa, que partiu do congressista republicano lusodescendente com origens açorianas Devin Nunes.

A reportagem do New York Times, intitulada “Como Devin Nunes virou a Comissão dos Serviços Secretos ao contrário” revela ainda várias iniciativas que o lusodescendente, descrito como “obcecado” pelos Açores, lançou enquanto membro da Comissão de Serviços Secretos da Câmara dos Representantes, para contrariar o desinvestimento norte-americano na Base das Lajes.

De acordo com fontes oficiais em Washington, Nunes foi responsável, por exemplo, pela proposta de instalação na Terceira de uma base de drones para combater o extremismo islâmico no Norte de África. O luso-descendente tentou ainda transformar as Lajes numa base avançada para o Comando Africano do Exército Norte-Americano, que está colocado em Estugarda, na Alemanha.

Nenhuma dessas ideias foi considerada válida pelo Pentágono, mas o congressista não desistiu.

A proposta de instalação de um centro de espionagem da NSA nas Lajes, confirmou o Público junto de uma fonte do anterior Ministério dos Negócios Estrangeiros, chegou a ser falada com o Palácio das Necessidades.

“Foram apresentadas várias opções durante os contactos que mantivemos e essa foi uma delas”, disse um alto funcionário do MNE do tempo do Governo de Pedro Passos Coelho.

Ao que consta, o projeto só não avançou porque as secretas norte-americanas colocaram muitos entraves. Além de Portugal não integrar a Five Eyes – a aliança entre os serviços secretos da Austrália, Grã-Bretanha, Canadá, Nova Zelândia e Estados Unidos – as agências norte-americanas não confiaram na capacidade de Portugal em garantir a integridade de informação classificada pelos EUA.

Na altura em que a ideia de Devin Nunes foi anunciada, já as denúncias de Edward Snowden sobre o programa de vigilância global conduzido pela NSA tinham abalado a confiança daquela agência de segurança.

O gabinete do atual ministro dos Negócios Estrangeiro, Augusto Santos Silva, garante que essa hipótese nunca foi falada desde a tomada de posse deste executivo.

“No mandato deste Governo, o ministro dos Negócios Estrangeiros não discutiu com ninguém qualquer projeto de instalar um centro da NSA nas Lajes”, sublinha fonte do MNE, ressalvando que a única opção que esteve sobre a mesa foi a localização do Joint Intelligence Analysis Complex (JIAC) que, por decisão do Pentágono, será construído em Croughton, numa base da força britânica, próxima de Londres.

ZAP //

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9 Comments

  1. Não creio que fosse realmente por falta de confiança.
    Na verdade acredito que foi mais pela estúpida burocracia que Portugal pediria aos EUA e eles temeram que por causa dessa trapalhada toda acabasse por haver fuga de informação.
    O grande problema no geral não é falta de confiança nos Portugueses, mas no governo ou “sistema” em Portugal.

    • Tinham razão?!
      Então e os espiões americanos que divulgaram informação muitíssimo mais sensível de forma gratuita?!..
      Até o Snowden se riu!….

  2. Pois… já “capacidade” dos serviços secretos americanos é bem conhecida, quer dentro dos EUA quer pelo mundo fora!…

    • Eles TÊM a capacidade de lidar com a informação: guardam a que querem e divulgam a que querem…

      Obviamente, duvidam que os outros tenham os mesmos critérios… que os critérios deles sejam “duvidosos”, è um problema dos outros…

      • É um problemas dos “outros” e dos próprios americanos – como se tem verificado em inúmeros fiascos bastante comprometedores!…

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