Dois cenários para um eventual ataque ou acidente na central. O segundo com consequências mais graves.
O perigo de radioactividade volta a marcar as notícias, depois de novas trocas de acusações em relação à central nuclear em Zaporizhia.
Na terça-feira, as Forças Armadas da Ucrânia disseram que viram “objectos estranhos semelhantes a explosivos” no telhado de duas unidades de energia da central ucraniana.
Da Rússia chegou outra versão: a central nuclear seria alvo de um ataque das forças ucranianas.
A Agência Internacional da Energia Atómica quer verificar se há explosivos na central nuclear, quer maior acesso às instalações em Zaporizhia.
O Ministério da Administração Interna da Ucrânia já tinha deixado orientações públicas sobre o que fazer, em caso de ataque terrorista ao local.
Mas o que iria mesmo acontecer, caso houve explosão na central nuclear?
Refrigeração
O sistema de refrigeração é ponto fraco. Minas em áreas importantes da refrigeração seriam ameaça directa, avisa a especialista ucraniana em segurança nuclear, Olha Kozharna, no canal Deutsche Welle.
A água no tanque de refrigeração tem papel crucial; é usada para arrefecer os elementos combustíveis nos reactores, para que não derretam devido ao sobreaquecimento.
Apesar de estarem fora de serviço há meio ano, é preciso continuar a arrefecer os reactores – os elementos de combustível continuam a libertar calor, mas a água não pode evaporar mais.
Mesmo assim, se o sistema de refrigeração fosse destruído e a água escoada, provavelmente haveria um acidente uma semana depois.
Num reactor que ainda está a ser desligado, em caso de “fuga”, só haveria 27 horas para evitar que a radiação escapasse.
Dois cenários
Os efeitos poderiam ser semelhantes ao de Fukushima – embora o perigo seja menor na Ucrânia porque o iodo radioactivo não pode ser libertado numa unidade desligada.
Segundo o Centro de Segurança Nuclear e Radiação da Ucrânia, um ataque ou acidente na central nuclear origina um destes dois cenários.
No primeiro cenário, a protecção do reactor permanece intacta e apenas o equipamento abaixo dessa protecção derrete. A zona em perigo seria sensivelmente num diâmetro de 2,5 quilómetros à volta do local – ou seja, os funcionários da central nuclear e pouco mais.
No segundo cenário, numa avaria de um reactor, a exposição à radiação afectará uma área maior e terá consequências piores. A área de contaminação depende das condições climáticas. Podia haver consequências graves até 20 quilómetros de distância – e as pessoas precisavam de sair imediatamente.
Mas outras consequências para a saúde, não tão graves, poderiam chegar a pessoas que estivessem a 550 quilómetros da central nuclear.