Centeno quer ficar no Banco de Portugal até ao fim do mandato (e não descarta um segundo)

Mário Cruz / Lusa

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno

Apesar dos pedidos de demissão no seguimento do convite para assumir o governo socialista, Mário Centeno pretende cumprir o seu mandato até 2025.

Mário Centeno, ex-ministro das Finanças de Portugal e atual governador do Banco de Portugal (BdP), quer cumprir o seu mandato até ao verão de 2025, apesar das pressões para sua renúncia.

De acordo com o Público, Centeno também não descarta um possível segundo mandato, embora tal decisão dependa da sua vontade pessoal e do governo em exercício na época.

A posição de Centeno como governador começou a ser questionada após o primeiro-ministro António Costa revelar que propôs o seu nome para o cargo de primeiro-ministro. Mas pelo meio, houve muitas contradições sobre quem é que, afinal, convidou Centeno, com o governador a dizer inicialmente que Marcelo também o tinha convidado, algo que o Presidente da República negou.

Este episódio levou a pedidos de demissão por parte dos partidos de direita, e uma postura mais cautelosa da esquerda, que aguardou a resposta da comissão de ética do BdP. A comissão concluiu que Centeno “agiu com a reserva exigível naquelas concretas circunstâncias”, ainda que “os desenvolvimentos político-mediáticos” registados possam “trazer danos à imagem do banco”.

O Banco Central Europeu (BCE), no entanto, manteve a posição de que um governador só pode ser demitido se deixar de preencher os requisitos necessários ao exercício do cargo ou se cometer falta grave, o que não parece ser o caso de Centeno.

Enquanto isso, os líderes dos principais bancos em Portugal expressaram confiança na independência de Centeno e enfatizaram a importância da estabilidade do sistema. Centeno, por sua vez, reiterou não ter ambições políticas e sua intenção de permanecer no BdP, numa declaração à Bloomberg.

A crise política gerada levou António Costa a defender a continuidade da atual maioria socialista, com Centeno à cabeça. “Quando apresentei a proposta conhecia que o professor Mário Centeno só daria resposta definitiva depois de falar com o Presidente. As conversas não prosseguiram e nunca houve uma resposta definitiva”, disse Costa.

Marcelo Rebelo de Sousa optou por eleições antecipadas, uma decisão que Costa considerou inadequada para o país. Mário Centeno mostrou-se aberto para assumir o executivo, mas não chegou a dar uma resposta final.

O Presidente da República, após desmentir ter convidado Centeno para primeiro-ministro, telefonou a Centeno para esclarecer a situação e oferecer conforto.

ZAP //

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