Novas células estaminais podem ajudar no tratamento da doença de Machado-Joseph

Rita Félix / UC

Cientistas da Universidade de Coimbra conseguiram gerar células estaminais humanas, a partir da células da pele.

Cientistas da Universidade de Coimbra deram um passo importante rumo ao tratamento da doença de Machado-Joseph.

A Doença de Machado-Joseph é uma doença degenerativa do sistema nervoso. É uma patologia rara.

É uma doença genética que ocorre devido a uma alteração num gene específico, o ATXN3 – que origina uma forma mutada da proteína ataxina-3 que se acumula no cérebro em forma de agregados, levando a disfunção e morte neuronal.

falta de coordenação de movimentos musculares voluntários e perda de equilíbrio – além de problemas na fala, na deglutição, nos movimentos oculares e no sono. Por isso, é semelhante a Parkinson em alguns aspectos.

Tem esta designação porque, inicialmente, os pacientes estudados com a doença eram dos Açores – a ilha das Flores, a zona de maior incidência no planeta, é o único local onde a doença é relativamente comum: afecta aproximadamente 1 em cada 140 adultos; de resto é uma doença rara, afecta entre 0,3 a 2 pessoas por cada 100 mil adultos.

Não há uma terapia eficaz, ainda. Mas os cientistas portugueses conseguiram gerar células estaminais humanas, a partir de células da pele, que revelaram ter potencial terapêutico de longa duração para a doença de Machado-Joseph.

O estudo mostra ser possível “criar células estaminais a partir de células extraídas de pessoas com doença de Machado-Joseph com potencial terapêutico”, explica a investigadora Liliana Mendonça.

“Esta descoberta mostra a viabilidade da aplicação de terapias personalizadas a pessoas portadoras da doença, através da criação de células estaminais dos doentes que pretendemos tratar, o que se traduzirá em maior aceitação do transplante”, acrescenta a cientista, num comunicado da universidade enviado ao ZAP.

Os cientistas criaram células que demonstraram ter capacidade de originar neurónios em culturas celulares (conjunto de técnicas para testar o comportamento de células num ambiente artificial) e também em organóides cerebrais (tecidos gerados in vitro, ou seja, fora de organismos vivos, que simulam o neurodesenvolvimento humano funcionando como “mini-cérebros”).

As células estaminais humanas sobreviveram até seis meses após transplante no cerebelo do modelo animal, tendo-se diferenciado em células da glia [células do sistema nervoso central que desempenham diversas funções, apoiando, nomeadamente, os neurónios.

A explicação de Liliana Mendonça significa que estas células revelaram ter potencial para atuar positivamente no controlo de doenças neurodegenerativas.

O próximo passo é descobrir a forma de estas células conseguirem melhorar os problemas de coordenação motora da doença, com recurso a um modelo animal.

Os cientistas vão também desenvolver estratégias para melhorar a migração das células e, depois, a sua diferenciação em neurónios cerebelares, após o seu transplante para o cérebro, algo que pode aumentar significativamente os efeitos terapêuticos destas células.

ZAP //

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