NASA/CXC/Northwestern Univ./F. Yusef-Zadeh et al; Radio: NRF/SARAO/MeerKat

Uma nova pesquisa aponta que um pulsar de alta velocidade terá colidido com a famosa Serpente do Centro Galáctico, criando as suas “dobras”.
Os astrónomos poderão ter finalmente desvendado a causa de uma intrigante “fratura” numa das colossais estruturas galácticas da Via Láctea, graças a novos dados do Observatório de Raios X Chandra da NASA e a observações complementares de radiotelescópios.
A descoberta dá pistas sobre uma misteriosa caraterística conhecida como a Serpente do Centro Galáctico – um filamento com 230 anos-luz de comprimento que parece ter sido fisicamente rompido no espaço profundo.
Estas estruturas maciças, por vezes referidas como os “ossos” da Via Láctea, são formações densas e alongadas no interior de nuvens moleculares gigantes, onde ocorre principalmente a formação de estrelas de elevada massa.
Até agora, os cientistas identificaram cerca de 20 destes “ossos”, que atuam como andaimes ao longo dos braços espirais da nossa galáxia e que se acredita serem a chave para compreender como nascem as estrelas, explica o IFLScience.
A Serpente do Centro Galáctico, oficialmente designada por G359.13, chama a atenção há bastante tempo devido ao seu aspeto invulgar e enrugado. Ao contrário da maioria dos filamentos de rádio, que correm em linhas relativamente suaves e perpendiculares ao plano galáctico, a Serpente exibe duas distorções abruptas ou “dobras”. Estas irregularidades apontam para uma origem mais dramática — e agora, os investigadores acreditam que podem saber o que as causou.
De acordo com um novo estudo publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, os astrónomos encontraram fortes indícios de que um pulsar de alta velocidade — uma estrela de neutrões altamente magnetizada e de rotação rápida — colidiu com o filamento, criando as distorções observadas. O local de impacto suspeito brilha tanto em comprimentos de onda de raios-X como de rádio, sugerindo que é um foco de aceleração de partículas e de perturbação magnética.
“A luminosidade em rádio e o espetro acentuado da fonte compacta são consistentes com um pulsar”, observam os investigadores. Os investigadores estimam que o pulsar atingiu o filamento a uma velocidade espantosa de 1,6 a 3,2 milhões de quilómetros por hora, perturbando a sua estrutura magnética e gerando emissões consistentes com partículas relativistas a correr ao longo do comprimento da serpente.
Pensa-se que esta interação explica tanto as maiores como as menores dobras observadas no filamento. A distorção mais proeminente marca provavelmente a zona de impacto primária, enquanto a dobra secundária pode ter resultado da influência continuada do pulsar à medida que se movia através ou perto da estrutura.
Embora os detalhes exatos exijam mais observação, os astrónomos veem isto como uma pista importante para a formação e evolução de estruturas galácticas gigantes.