25 anos depois, uma causa. Já se sabe o que desencadeia esta doença neurológica rara

A ataxia espinocerebelar 4 (SCA4) é uma condição rara que nunca conheceu uma causa. Agora, 25 anos depois, um estudo identificou, de forma conclusiva, a diferença genética que desencadeia a doença.

Os investigadores sabiam, já há muito tempo, que a ataxia espinocerebelar 4 (SCA4) é uma doença genética, e apesar de terem localizado o gene responsável por uma região específica de um cromossoma, essa região mostrou-se muito difícil de analisar.

Por ter segmentos repetidos que se assemelham a partes de outros cromossomas e uma composição química incomum, a maioria dos testes genéticos tende a falhar.

Desta vez, para identificar a mudança que causa a SCA4, os investigadores utilizaram uma tecnologia de sequenciamento avançada desenvolvida recentemente.

Ao comparar o ADN de pessoas afetadas e não afetadas de várias famílias do estado norte-americano do Utah, descobriram que, nos pacientes com SCA4, uma secção no gene ZFHX3 é muito mais longa do que deveria ser, apresentando uma sequência extra longa de ADN repetitivo.

“Esta mutação é uma repetição tóxica e desconfiamos que atrapalha a forma como uma célula lida com proteínas desdobradas ou mal dobradas”, explicou Stefan Pulst, da Universidade do Utah, ao EurekAlert.

As células saudáveis precisam de estar constantemente a partir proteínas não funcionais. Usando células de pacientes com SCA4, a equipa mostrou que a mutação que causa a doença atrapalha o funcionamento da “maquinaria de reciclagem” de proteínas, de forma tal que poderia até “envenenar” as células nervosas.

Curiosamente, parece estar a acontecer algo muito semelhante noutra forma de ataxia, a SCA2. Os investigadores estão a testar um potencial tratamento em ensaios clínicos, mas as semelhanças entre as duas condições levantam mesmo a possibilidade de o tratamento poder beneficiar pacientes com SCA4.

“O único passo para melhorar a vida dos pacientes com doenças hereditárias é descobrir qual é a causa primária. Agora, podemos atacar os efeitos dessa mutação em vários níveis”, rematou Pulst.

Os resultados desta investigação foram publicados, recentemente, na Nature Genetics.

ZAP //

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