Catástrofes climáticas estão cada vez mais intensas e o Homem tem culpa nisso

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Michala Garrison / Observatório da Terra da NASA

Lago efémero Sebkha el Melah na Argélia, deserto do Saara, captado a 29 de setembro.

Ficamos boquiabertos quando vemos inundações fora do comum no deserto do Saara e temos a certeza de que algo grave se passa com o nosso clima. Mas não precisamos de ir tão longe. Basta olhar para a catástrofe sem precedentes que os nossos vizinhos espanhóis estão a viver.

O mundo ainda está a recuperar da estupefação com o que se passou esta semana na costa este de Espanha.

O número de mortes devido às inundações já vai em 205, das quais 202 formam na Comunidade Valenciana. Outras duasforam em Castela La Mancha e a restante na Andaluzia.

Várias regiões de Espanha estão desde terça-feira sob a influência de uma “depressão isolada em níveis altos”, um fenómeno meteorológico conhecido como DANA em espanhol e como DINA em português.

Trata-se de uma das catástrofes naturais mais graves dos últimos 75 anos em Espanha, ultrapassando as inundações de Biescas (Huesca) em 1996, com 87 mortos, e as inundações de Turia em 1957, em que morreram entre 80 e 100 pessoas.

O fenómeno causou chuvas torrenciais com níveis inéditas, especialmente em Valência. Choveu em 8 horas o que devia chover num ano.

No entanto, isto são dados que já não nos deviam surpreender – especialmente, porque, enquanto sociedade, contribuímos diariamente para cenários destes.

Uma análise divulgada esta quinta-feira pela World Weather Attribution (WWA) revelou que as alterações climáticas causadas pela atividade humana intensificaram os piores eventos extremos dos últimos 20 anos e contribuíram para a morte de 350.000 pessoas.

Os avisos precoces de eventos extremos e mecanismos de ação precoce (evacuações por exemplo) podem ser a diferença entre a vida e a morte. Mas alguns acontecimentos, nota-se no estudo, ultrapassam a capacidade de qualquer governo se preparar – e Valência é um exemplo disso.

Quatro dos 10 fenómenos meteorológicos mais mortais foram ondas de calor na Europa – uma região rica e relativamente bem preparada.

Segundo WWA, numa análise preliminar, as chuvas torrenciais que atingiram Espanha foram 12% mais intensas e duas vezes mais prováveis do que quando o clima ainda não tinha aquecido.

Até o Saara inundou

Em setembro até o sequíssimo deserto (passando a redundância) do Saara ficou inundado.

Segundo a NASA, um ciclone extratropical atingiu partes de Marrocos, Argélia, Tunísia e Líbia entre os dias 7 e 8 de setembro, deixando cair o equivalente a um ano inteiro de chuva.

Vários “lagos efémeros” no Saara ficaram cheios.

Como escreve a Live Science, desde 2000, apenas houve duas ocasiões em que os níveis de água em Sebkha el Melah, na Argélia, foram mais elevados do que são atualmente.

Em 2008, o lago encheu depois de um ciclone extratropical que provocou chuvas excecionalmente fortes. Foram necessários quatro anos para que o lago voltasse a secar completamente.

Miguel Esteves, ZAP // Lusa

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1 Comment

  1. Pouco rigor na informação. Mais uma vez.
    Primeiro que de tempos em tempos chove no Saara não é novidade e que se formem alguns lagos durante alguns meses também não.
    Já quanto à catástrofe que aconteceu no estado espanhol não foi na costa oeste (Galiza) mas sim no leste (Mediterrâneo) concretamente na Comunitat Valenciana e algum ponto de Castela-A Mancha.

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