Ficamos boquiabertos quando vemos inundações fora do comum no deserto do Saara e temos a certeza de que algo grave se passa com o nosso clima. Mas não precisamos de ir tão longe. Basta olhar para a catástrofe sem precedentes que os nossos vizinhos espanhóis estão a viver.
O mundo ainda está a recuperar da estupefação com o que se passou esta semana na costa este de Espanha.
O número de mortes devido às inundações já vai em 205, das quais 202 formam na Comunidade Valenciana. Outras duasforam em Castela La Mancha e a restante na Andaluzia.
Várias regiões de Espanha estão desde terça-feira sob a influência de uma “depressão isolada em níveis altos”, um fenómeno meteorológico conhecido como DANA em espanhol e como DINA em português.
Trata-se de uma das catástrofes naturais mais graves dos últimos 75 anos em Espanha, ultrapassando as inundações de Biescas (Huesca) em 1996, com 87 mortos, e as inundações de Turia em 1957, em que morreram entre 80 e 100 pessoas.
O fenómeno causou chuvas torrenciais com níveis inéditas, especialmente em Valência. Choveu em 8 horas o que devia chover num ano.
No entanto, isto são dados que já não nos deviam surpreender – especialmente, porque, enquanto sociedade, contribuímos diariamente para cenários destes.
Uma análise divulgada esta quinta-feira pela World Weather Attribution (WWA) revelou que as alterações climáticas causadas pela atividade humana intensificaram os piores eventos extremos dos últimos 20 anos e contribuíram para a morte de 350.000 pessoas.
Os avisos precoces de eventos extremos e mecanismos de ação precoce (evacuações por exemplo) podem ser a diferença entre a vida e a morte. Mas alguns acontecimentos, nota-se no estudo, ultrapassam a capacidade de qualquer governo se preparar – e Valência é um exemplo disso.
Quatro dos 10 fenómenos meteorológicos mais mortais foram ondas de calor na Europa – uma região rica e relativamente bem preparada.
Segundo WWA, numa análise preliminar, as chuvas torrenciais que atingiram Espanha foram 12% mais intensas e duas vezes mais prováveis do que quando o clima ainda não tinha aquecido.
Até o Saara inundou
Em setembro até o sequíssimo deserto (passando a redundância) do Saara ficou inundado.
Segundo a NASA, um ciclone extratropical atingiu partes de Marrocos, Argélia, Tunísia e Líbia entre os dias 7 e 8 de setembro, deixando cair o equivalente a um ano inteiro de chuva.
Vários “lagos efémeros” no Saara ficaram cheios.
Como escreve a Live Science, desde 2000, apenas houve duas ocasiões em que os níveis de água em Sebkha el Melah, na Argélia, foram mais elevados do que são atualmente.
Em 2008, o lago encheu depois de um ciclone extratropical que provocou chuvas excecionalmente fortes. Foram necessários quatro anos para que o lago voltasse a secar completamente.
Miguel Esteves, ZAP // Lusa
Pouco rigor na informação. Mais uma vez.
Primeiro que de tempos em tempos chove no Saara não é novidade e que se formem alguns lagos durante alguns meses também não.
Já quanto à catástrofe que aconteceu no estado espanhol não foi na costa oeste (Galiza) mas sim no leste (Mediterrâneo) concretamente na Comunitat Valenciana e algum ponto de Castela-A Mancha.