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Catarina Martins: “Lamentamos sempre” a saída de aderentes do Bloco de Esquerda

João Relvas / Lusa

Catarina Martins, coordenadora nacional do Bloco de Esquerda

A coordenadora bloquista afirmou que o partido lamenta sempre a saída de aderentes, mostrando-se convicta de que se vão continuar a encontrar “nas lutas comuns” com o grupo de 26 pessoas que decidiu deixar o Bloco.

Um grupo de 26 bloquistas anunciou na terça-feira a saída do partido por considerar que “pouco resta do projeto original”, criticando “o caminho de institucionalização” e a transformação do BE “num projeto reformista centrado na sua própria sobrevivência”.

“Lamentamos sempre. As críticas, como sabe, não foram acompanhadas sequer pelas pessoas que estiveram juntas na mesma moção”, respondeu Catarina Martins, no parlamento, em Lisboa, no final de uma reunião com sindicatos dos professores.

A coordenadora do BE tinha sido questionada sobre se se revia em algumas das críticas que foram feitas e se esta saída preocupava a direção do partido.

“Devo dizer que tenho a certeza absoluta que nos vamos continuar a encontrar nas lutas comuns em que nos encontrámos até hoje”, acrescentou, sem fazer qualquer outro comentário.

Numa carta dirigida à Mesa Nacional do BE – órgão máximo entre convenções -, os 26 aderentes explicam as razões da saída do partido, com duras críticas ao rumo que tem vindo a ser seguido e que fez o BE tornar-se “numa organização hierárquica e cristalizada”.

“Conscientes de que pouco resta do projeto original do Bloco de Esquerda de ser uma força política em alternativa à sociedade existente, resolvemos deixar o partido no qual militámos ativamente até agora”, pode ler-se logo no arranque da carta.

Entre os aderentes que agora abandonaram o partido estão três nomes que fazem parte do grupo de quase 250 subscritores que assinaram a declaração que fundou o partido há quase duas décadas: João Carlos Louçã, Maria José Martins e Sérgio Vitorino.

Os bloquistas que saíram do partido justificam a decisão porque não podem ignorar “o caminho de institucionalização dos últimos anos que transformaram o partido, de instrumento de luta política, num fim em si mesmo“.

“O taticismo de decisões, o jogo da comunicação na sua forma burguesa, a ausência de qualquer ativismo local inserido numa estratégia de construção do partido, a progressiva ausência de pensamento crítico acompanhada pela hostilização da divergência interna e profundo sectarismo com outras forças de esquerda transformaram o Bloco de Esquerda num projeto reformista centrado na sua própria sobrevivência“, condenam.

// Lusa

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