ZAP // António Pedro Santos, António Cotrim / Lusa

A Spinunviva foi tema principal, no primeiro debate para legislativas de 18 de maio. Paulo Raimundo considerou que, “com o que se sabe”, Luís Montenegro devia ter-se demitido logo. Já o líder do PSD parece ter admitido que houve “contaminação de funções”.
Luís Montenegro e Paulo Raimundo estiveram frente a frente, naquele que foi o primeiro debate televisivo para as legislativas antecipadas de 18 de maio, esta segunda-feira, na TVI.
Com visões e projetos opostos para o país, o secretário-geral do PCP e o presidente do PSD iniciaram com o tema que despoletou as eleições: a Spinumviva.
A primeira parte do debate concentrou-se precisamente nas dúvidas sobre a empresa da família do primeiro-ministro, que estiveram na base de uma moção de censura do PCP (chumbada), e da moção de confiança apresentada pelo Governo (cuja rejeição ditou a sua demissão e a convocação de eleições).
Paulo Raimundo defendeu que o primeiro-ministro deveria ter-se demitido logo.
O secretário-geral do PCP disse não ter dúvidas de que Montenegro esteve numa “situação de incompatibilidade e de confusão entre interesses pessoais e do Governo” e a considerar que a “atitude mais nobre” teria sido a demissão, em vez da “fuga para a frente”.
Montenegro considerou legítima as dúvidas de Raimundo, mas não concordou: “Mesmo do ponto de vista ético, não há nada que se possa imputar à minha conduta”, considerou.
“Não é verdade que eu tenha usufruído de qualquer benefício de nenhuma empresa enquanto exercia as funções do primeiro-ministro ou líder do PSD”, acrescentou o primeiro-ministro demissionário.
Dando o exemplo das avenças da Solverde enquanto era primeiro-ministro, Paulo Raimundo disse “não ter dúvidas, mas sim certezas” das incompatibilidades.
“Nós não temos dúvidas. Nós temos certezas. A situação que criou é incompatível com as funções que tem (…) Não venha fazer comigo uma coisa que tem estado a tentar fazer, mas comigo não, por favor. É a vitimização”, atirou o líder comunista.
E foi aqui que Montenegro “deslizou”
Pegando no exemplo da Solverde mencionado por Raimundo, o social-democrata disse que a empresa de casinos até saiu prejudicada.
“A empresa que o Paulo Raimundo mencionou há pouco [Solverde] até teve uma decisão que lhe foi altamente prejudicial, está a ver?“, argumentou Montenegro, sem especificar que decisão foi essa.
Antes, o primeiro-ministro tinha dito: “Não houve nunca uma contaminação das minhas funções privadas por qualquer influência política; nem houve nenhuma contaminação das minhas funções políticas por qualquer influência privada”.
Ou seja, Montenegro parece ter-se contradito.
O líder dos sociais-democratas acabou por dar a entender o que tinha acabado de negar: se a Solverde teve uma “decisão que lhe foi altamente prejudicial”, fosse ela para o bem ou para o mal, houve contaminação de funções.
Raimundo lamentou, repetidamente, que o primeiro-ministro, em vez de apresentar a demissão, tenha feito uma “fuga para a frente”. E lamentou que, mesmo que Montenegro volte a ganhar as eleições, esta situação vai manter-se.
E agora… as ideias para o país
Durante o debate de cerca de 30 minutos, Raimundo e Montenegro dois discordaram sobre as soluções para o setor da Saúde, Defesa e quanto à descida feita pelo atual Governo PSD/CDS-PP da taxa de IRC de 21 para 20%.
Sobre a descida deste imposto sobre as empresas, Paulo Raimundo calculou que a perda de receita daria para, em quatro anos, pagar “uma das urgências nacionais: uma rede pública de creches”.
Montenegro argumentou que a receita aumentou, embora admitindo que o efeito da descida só se sentirá este ano.
“Nós tínhamos inscrito no Orçamento de 2024, pelo PS, uma receita do IRC na casa dos 8 mil milhões de euros. Sabe qual foi a receita do IRC com base no crescimento e no desempenho económico? Foram mais de 10,2 mil milhões de euros. Ou seja, quando nós temos uma economia competitiva e que cria riqueza, nós superámos, em mais de 2 mil milhões de euros, a estimativa da receita do IRC”, afirmou.
Raimundo questionou, depois, porque é que esse alívio fiscal para as empresas não se fez sentir no salário dos trabalhadores.
“É sempre para amanhã”, disse o líder comunista, desafiando a AD, caso vença as eleições, a subir o salário mínimo nacional para 1000 euros já no dia 1 de julho.
Quanto à Defesa, o comunista disse: “nem um cêntimo para a guerra na Ucrânia”.
“Não precisamos de construir armas nem bombas, precisamos é de produzir medicamentos, alimentos, construir comboios. Não trocamos armas pela saúde, pelas pensões, pela segurança social”, disse.
Montenegro lembrou que não se trata de uma questão de apoiar a guerra, mas sim “apoiar os direitos humanos, a integralidade do território de um país europeu, o direito que as pessoas têm às suas liberdades”.
“Não estamos a apoiar a guerra, mas a democracia”, acrescentou.
Ainda assim, o primeiro-ministro também ressalvou que o país não trocará “as políticas sociais pelo investimento em defesa (…) são coisas cumulativas”.
“Não venha com essa conversa comigo”, respondeu Paulo Raimundo, questionando: “e a Palestina?”.
Miguel Esteves, ZAP // Lusa
Boa pergunta e a Palestina esses coitados, não merecem atenção; devem ser pessoas de 2ª!
São pobres e não têm nada para dar, mas mesmo assim há gulosos que querem aquele pedaço de terra a todo o custo e matam sem dó nem piedade.