Com recurso a uma tecnologia moderna, uma equipa de investigadores descobriu detalhes da morte violenta do faraó egípcio Sekenenré Taá II, há milhares de anos.
Há algo nas múmias que sempre fascina as pessoas. Vemos isso pela atenção dada às múmias em exposições de museus e pela sua frequente aparição em livros, filmes e jogos. Seja qual for o motivo da admiração, é sempre emocionante quando um estudo revela novas informações sobre restos mortais mumificados.
Sekenenré Taá II era conhecido como ‘O Bravo’ e governou o sul do Egito por um período relativamente curto, por volta de 1558 a 1553 a.C. O seu governo chegou a um fim abrupto quando ele teve uma morte muito violenta. Agora, investigadores da Universidade do Cairo e do Ministério de Antiguidades do Egito usaram técnicas de imagem de última geração para revelar novos detalhes sobre a sua morte.
Uma morte violenta
Os restos mortais de Sekenenré foram revelados pela primeira vez em 1881, e análises em 1886 e 1906 sugeriram que ele tinha sido submetido a violentos ferimentos na cabeça. Na década de 1960, raios-X revelaram cinco ferimentos na cabeça, mas em mais nenhum outro lugar.
Além disso, o seu embalsamamento parecia ter sido executado às pressas. Estranhamente, nenhum sal foi usado para preservar o corpo, o cérebro foi deixado no lugar e nenhum linho foi inserido no crânio.
Para Sekenenré Taá II, os ferimentos violentos foram possivelmente o resultado de uma morte em batalha ou execução por um rei que invadiu o norte do país. Uma teoria também sugere que ele foi morto enquanto dormia.
No novo estudo publicado esta semana na revista Frontiers in Medicine, a equipa fez um TAC aos restos mortais para investigar. Geralmente pensamos num TAC em ambientes clínicos, mas este têm uma longa história de uso em contextos forenses para estudar com segurança restos mortais.
O TAC revelou que o corpo não estava na sua posição anatómica normal. Mesmo em estado incomum, indicadores esqueléticos e dentários confirmavam uma idade a rondar os 40 anos. Imagens de dentro do crânio confirmaram que nenhuma tentativa foi feita para remover o cérebro.
O TAC revelou ainda a extensão dos ferimentos de Sekenenré, com um corte no lado direito da testa, uma perfuração logo acima do olho direito, nariz e maçã do rosto fraturados, corte na área esquerda da bochecha, fraturas acima da orelha direita, e uma fratura de um osso dentro do seu crânio.
Sekenenré sofreu uma morte incrivelmente violenta. O ângulo dos ferimentos sugeria que os atacantes estavam posicionados mais alto, ou a cavalo ou enquanto ele estava ajoelhado, de frente para eles. A imagem do TAC permitiu determinar a forma dos ferimentos, mostrando que várias armas foram usadas por vários atacantes.
No entanto, essas lesões cranianas violentas são geralmente acompanhadas por lesões de defesa nos braços quando a vítima tenta defender-se. O TAC confirmou que nenhum desses ferimentos estava presente neste caso.
A maioria das múmias reais deste período são colocadas com os braços cruzados sobre o peito, mas a posição das mãos de Sekenenré sugere que elas foram amarradas no momento da morte.
Os investigadores sugerem que o estado de embalsamamento não foi resultado da pressa, mas sim do estado do corpo. Há evidências de que os embalsamadores tentaram cobrir os ferimentos faciais usando uma pasta.
Técnicas usadas neste novo estudo poderiam ajudar a revelar mais informações sobre as pessoas preservadas.
O desenvolvimento de novas tecnologias de imagem está a aprimorar as nossas interpretações de como é que os povos antigos morreram. Aqui, a aplicação do TAC permitiu uma maior precisão na estimativa da idade e revelou novas lesões que não tinham sido identificadas anteriormente.
ZAP // The Conversation