O Ministério Público (MP) suspeita que, em 2008, uma adjunta do ex-ministro da Economia Manuel Pinho terá recebido ‘dinheiro vivo’ da construtora brasileira Odebrecht no próprio Ministério.
Segundo o jornal online Observador, desde o ano passado que os procuradores do Ministério Público suspeitam de corrupção na adjudicação da barragem do Baixo Sabor, localizada perto de Torre de Moncorvo, no distrito de Bragança, por parte da EDP à Odebrecht.
Entre 2008 e 2015, poderão ter sido pagas ‘luvas’ num total de 4,7 milhões de euros, que estão registadas nos documentos da Odebrecht com o nome de código “Príncipe”.
Para já, conta o jornal digital, sabe-se que a construtora brasileira usou duas sociedades offshore – a Fastracker Global Trading, Ltd e a Innovation Research Engineering and Development Ltd – para fazer circular cerca de 1,3 milhões de euros entre 31 de janeiro de 2008 e 26 de junho de 2008.
Terá sido a Fastracker Global Trading, Ltd a transferir, a 1 de fevereiro de 2008, cerca de 190 mil euros para a conta de Francisco Canas em Cabo Verde, que era o principal operacional da rede de branqueamento de capitais que foi denunciada na Operação Monte Branco e que terá ajudado, entre outras, figuras como Armando Vara e Duarte Lima.
De acordo com o Observador, na mesma data terá ocorrido uma reunião no Ministério da Economia entre a então adjunta de Manuel Pinho, Francisca Pacheco, com três representantes da Odebrecht Portugal.
Posteriormente, a 9 de abril, a referida adjunta voltou a reunir-se com estes representantes da construtora e terá havido uma nova transferência de 505 mil euros para a conta de Francisco Canas, mas desta vez da Innovation Research Engineering and Development Ltd.
É esta coincidência de datas que faz com que o MP suspeite que terão ocorrido pagamentos em dinheiro vivo durante essa reunião, escreve o Observador. Mais concretamente, os procuradores suspeitam que terá sido entregue uma mala com uma parte ou o total dos 695 mil euros das mãos dos representantes da Odebrecht a Francisca Pacheco.
Estas suspeitas já foram desmentidas pela referida adjunta ao jornal digital. “Nunca recebi quaisquer fundos da Odebrecht ou de qualquer investidor ou empresário. E considero essa mera insinuação como insultuosa”, afirmou.
Por sua vez, Manuel Pinho garantiu que os contactos e relações da sua então adjunta com a Odebrecht não foram do seu conhecimento, mas afirmou que, conhecendo a pessoa em causa, não tem “qualquer dúvida” de que essas reuniões “não envolveram nada de ilícito ou menos ético”.