Casamento e procriação em “idades apropriadas”: a nova campanha do Governo chinês

Entre as principais tarefas estão: “partilhar as responsabilidades da educação” e acabar com “costumes obsoletos”.

A China anunciou, no domingo, o lançamento de uma campanha em várias cidades para “promover o casamento e a procriação em idades apropriadas”, após o país ter registado o primeiro declínio populacional em mais de meio século.

A Associação de Planeamento Familiar, que está sob tutela do governo central chinês, estipulou ainda entre as principais tarefas “incentivar os pais a partilharem as responsabilidades da educação” e acabar com “costumes obsoletos”, como o elevado preço dos dotes de casamento, uma prática que prevalece nas zonas rurais, segundo um plano divulgado pelo jornal oficial Global Times.

As 20 cidades chinesas abrangidas pela campanha devem “adotar medidas inovadoras para criar um ambiente favorável à maternidade”, disse o presidente da associação, Yao Ying, citado pelo jornal.

“Com o desenvolvimento económico e social, o conceito de casamento entre as gerações mais jovens da China sofreu transformações”, disse o demógrafo He Yafu, citado pelo jornal. Ele acrescentou que a “sociedade precisa de orientar mais os jovens no conceito de casamento e procriação e encorajar os jovens a casar e ter filhos”.

Cidades como Chengdu (sudoeste) ou Zhengzhou (centro) anunciaram que vão aceitar registos de casamento no próximo dia 20 de maio, o dia dos namorados na China, apesar de a data calhar num sábado.

Em 2022, a China perdeu cerca de 850 mil pessoas em 2022, numa contagem que exclui as regiões administrativas especiais de Macau e Hong Kong e residentes estrangeiros, segundo dados oficiais.

A China encerrou assim o ano passado com 1.411,75 milhões de habitantes, tendo registado 9,56 milhões de nascimentos e 10,41 milhões de mortes.

No 20º Congresso do Partido Comunista Chinês, realizado em 2022, o partido no poder destacou que o país precisa de um sistema que “aumente as taxas de natalidade e reduza os custos da gravidez, parto, escolaridade e paternidade”.

Desde que abandonou a política do filho único, em 2016, a China tem procurado encorajar as famílias a terem um segundo ou até terceiro filho, mas com pouco sucesso.

O maior custo de vida, nomeadamente com a saúde e educação das crianças, e uma mudança nas atitudes culturais, que privilegiam famílias menores, estão entre os motivos citados para o declínio nos nascimentos.

A China foi ultrapassada pela Índia, no mês passado, como a nação mais populosa do planeta, segundo projeções da ONU.

// Lusa

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