A Casa Branca admitiu este domingo que os EUA não poderão controlar a pandemia por ser tão contagiosa, numa mudança à postura de minimização da gravidade da crise, numa altura em que há novos recordes de contágios.
“Não vamos controlar a pandemia, vamos controlar o facto de conseguirmos vacinas, terapias e outras formas de mitigá-la”, afirmou Mark Meadows, chefe de gabinete do Presidente norte-americano, Donald Trump, em entrevista à cadeia televisiva CNN.
Questionado sobre porque afirmava não ser possível controlar a pandemia de covid-19, Meadows respondeu: “Porque é um vírus muito contagioso, como o da gripe”, acrescentando que a Casa Branca está a tentar contê-lo.
Os seus comentários acontecem um dia depois de Trump ter insistido que os Estados Unidos estão a “virar a página” da pandemia e que os dados sobre a incidência no país são incríveis, considerando que a subida do número de casos não é algo para causar alarme.
Na sexta-feira, os Estados Unidos registaram um recorde diário de novos contágios de covid-19, com mais de 85.000 em apenas 24 horas, e no sábado quase tocou essa marca, com 83.178, segundo dados da Universidade Johns Hopkins.
Quase 8,6 milhões de norte-americanos foram infetados pelo novo coronavírus desde o início da pandemia, e espera-se que hoje seja ultrapassada a barreira de 225.000 de mortos devido a esta infeção, mais do que em qualquer outro país.
Biden acusa Trump de ter desistido
O candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, Donald Trump de ter “desistido” no combate à pandemia de covid-19, referindo-se às palavras de Meadows. “[Trump] acenou a bandeira branca da derrota”, disse, em comunicado citado pelo jornal Público.
“[Meadows] admitiu esta manhã que a administração desistiu no controlo desta pandemia, que a Casa Branca desistiu no seu dever básica de proteger o povo americano”, disse o ex-vice-presidente dos Estados Unidos.
Também nesta fim-de-semana, um dos principais peritos em doenças infecciosas da Casa Branca, Anthony Fauci, admitiu, em entrevista à BBC, que os Estados Unidos podem ter uma vacina contra a covid-19 já em dezembro, mas alertou, contudo, que a sua distribuição alargada só deverá ocorrer em meados de 2021.
“Acredito que vamos saber se uma vacina é segura e eficaz no fim de Novembro, início de Dezembro (…) Mas quando falamos de vacinar uma proporção substancial da população, e, dessa forma, ter um impacto significativo na dinâmica do surto, isso muito provavelmente não acontecerá antes do segundo ou terceiro trimestre do ano [2021].”