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Carta misteriosa escrita por passageira do Titanic está a intrigar os peritos

Wikimedia

O Titanic no porto de Southampton, em Inglaterra

Uma equipa de investigadores está a tentar desvendar um mistério que envolve uma carta que terá sido escrita por uma jovem a bordo do Titanic na véspera do naufrágio.

Uma família encontrou a carta numa garrafa lacrada enterrada numa praia em Hopewell Rocks, Bay of Funday, na província canadiana de New Brunswick, há quatro anos. A carta, datada de 13 de abril de 1912, está escrita em francês e assinada por Mathilde Lefebvre, de 13 anos.

“Estou a atirar esta garrafa ao mar no meio do Atlântico. Devemos chegar a Nova Iorque em alguns dias. Se alguém a encontrar, avise a família Lefebvre em Liévin”, lê-se, de acordo com a Newsweek.

Liévin, em Pas-de-Calais, era a região francesa de onde Mathilde e a sua família vieram. A jovem era uma passageira da terceira classe com a sua mãe, Marie Daumont, e três dos seus irmãos.

A família iria juntar-se ao pai, Franck Lefebvre, que tinha deixado França dois anos antes para emigrar para a América com os seus outros filhos, segundo a equipa da Universidade de Quebec em Rimouski (UQAR) que está a examinar a carta.

O RMS Titanic, operado pela White Star Line, afundou no Oceano Atlântico Norte em 15 de abril de 1912, depois de ter atingido um icebergue durante asua viagem inaugural de Southampton para a cidade de Nova Iorque.

Mathilde e a sua família estavam entre as 1.500 pessoas que morreram.

A equipa estudou a composição química da garrafa, da rolha, do papel e da tinta. Além disso, analisou as correntes e os processos de erosão que seriam necessários para que a garrafa encalhasse e fosse enterrada.

Os investigadores concluíram que, materialmente, a garrafa e o seu conteúdo não eram incompatíveis com a data escrita na carta, mas espera que o público possa ajudar com algumas perguntas não respondidas.

“Este é, com certeza, um documento muito valioso. Temos acerteza de que o papel da carta e a garrafa são materiais anteriores a 1912“, disse o arqueólogo Manon Savard.

No passado, foram encontradas cartas supostamente escritas no Titanic que, afinal, eram falsas. É por isso que a equipa é cautelosa ao afirmar categoricamente que a mensagem era da época do naufrágio histórico que intrigou o público durante mais de um século e inspirou um filme.

“Todos nós gostaríamos de acreditar nesta história, mas temos várias dúvidas sobre a autenticidade desta carta”, disse Savard.

Entre elas está se a caligrafia seria ou não o que as crianças francesas poderiam produzir na época Também estão em dúvida as hipóteses de uma garrafa da embarcação ter dado à costa numa praia canadiana.

“As correntes marítimas tornam altamente improvável que um objeto flutuante tenha derivado do Atlântico Norte para a Baía de Fundy [em New Brunswick]”, disse Savard, “Não é impossível, mas é improvável.”

Um dos arqueólogos, Nicolas Beaudry, disse que ainda há parentes da família Lefebvre de Aix-en-Provence, em França, que tinham “um compromisso emocional com esta carta”. “É muito comovente este naufrágio. Claro, a família na França está tentada a acreditar. Acho que todos também querem que isso seja verdade”, rematou.

Maria Campos, ZAP //

 

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