A Deco Proteste insiste que se verifica um aumento das emissões poluentes de carros da Volkswagen testados depois da intervenção obrigatória da marca alemã, para reparar a fraude que afeta 11 milhões de automóveis.
Passado mais de um ano sobre o escândalo Volkswagen (VW), o Parlamento Europeu recordou há uma semana que os consumidores europeus afetados pelo escândalo devem ser indemnizados pelos fabricantes de automóveis implicados na fraude, tal como estão a ser os consumidores norte-americanos afetados pelo escândalo que envolver a marca automóvel alemã.
“Testámos mais dois carros submetidos à intervenção obrigatória decorrente da fraude cometida pela Volkswagen. A conclusão repete-se: as emissões aumentam. Não há qualquer correção ou diminuição”, denuncia esta terça-feira a associação de defesa dos consumidores.
Na opinião da Deco, é “necessário reavaliar com urgência” a intervenção técnica que está a ser feita pela Volkswagen aos carros afetados pela fraude e ainda que seja assegurada “a sua eficácia na redução de emissões”. A associação denuncia ainda, mais uma vez, a falta de apuramento da verdade pela justiça.
“Tal como já tínhamos feito há cerca de meio ano, em conjunto com as nossas congéneres Altroconsumo (Itália), OCU (Espanha) e Test’Achats (Bélgica), quando testámos um Audi Q5 TDI 2.0, submetemos agora a análise laboratorial um Volkswagen Polo TDI 1.2 e um Volkswagen Golf TDI 1.6.”, refere a Deco.
A metodologia agora utilizada foi a mesma de há seis meses, uma medição aos níveis de emissões “imediatamente antes e depois” da intervenção oficial da marca alemã.
“Os resultados que obtivemos – aumento generalizado das emissões de óxido de azoto (NOx) – voltam a pôr em causa a eficácia do procedimento”, alertou novamente a associação.
Nos três carros agora testados, a associação diz ter sido possível verificar um aumento das emissões após a intervenção técnica, saldado em mais 13,3% de emissões no Audi Q5, mais 6,3% no VW Polo e mais 23,2% no VW Golf.
“Continuamos a aguardar que a Volkswagen ou as autoridades dos vários estados europeus comprovem a eficácia da intervenção técnica, entretanto homologada pela autoridade alemã KBA, e justifiquem a sua obrigatoriedade, dada a sua aparente ineficácia”, conclui a associação naquele comunicado.
No dia 14 de março, na apresentação de resultados na sede do fabricante automóvel alemão, o presidente da Volkswagen, Matthias Müller, afirmou que os resultados de 2016, em que ganhou mais de 5,1 mil milhões de euros, demonstram que o grupo está “financeiramente bem equipado para superar as consequências da crise do ‘diesel'”.
Nesse encontro, foi ainda revelado que todas as marcas do grupo Volkswagen tiveram no ano passado lucro operacional, incluindo a espanhola Seat, que regressou aos ganhos pela primeira vez desde 2007.
Em 2015, o grupo Volkswagen tinha tido resultados negativos líquidos de 1,582 mil milhões de euros devido ao escândalo do ‘diesel’, enquanto que 2016, apesar das previsões de “um ano de pesadelo” para a marca, acabou por ser um ano “muito positivo”, segundo Matthias Müller.
Na semana passada, o Parlamento Europeu aprovou um reforço da fiscalização ao setor automóvel, incluindo medidas para prevenir eventuais práticas ilegais por parte dos fabricantes de automóveis, que passem a aplicar corretamente as regras europeias e a assegurar uma fiscalização eficaz.
A Deco, que aplaudiu esta posição do Parlamento Europeu, enalteceu o alerta quanto à necessidade de os consumidores europeus afetados pelo escândalo serem compensados, tal como estão a ser os consumidores dos EUA, onde 10 mil milhões de dólares foram já destinados a compensações aos consumidores da marca.
A campanha “Quero Justiça” é a face visível mais recente da luta da Deco Proteste e de outras organizações europeias de defesa dos consumidores, como a Altroconsumo (Itália), OCU (Espanha) e Test’Achats (Bélgica) por um tratamento igual dos consumidores afetados pela manipulação fraudulenta de emissões.
// Lusa
VW=Das fraude!!!