Mandato foi marcado pelo maior controlo que as autoridades chineses passaram a exercer no território, impondo controlo à democracia.
Carrie Lam, chefe do Executivo de Hong Kong, não se vai recandidatar à reeleição na votação deste ano, anunciou ontem. A decisão já era esperada, à luz dos meses conturbados que o território tem vindo a sofrer face ao maior controlo que a China tem vindo a exercer na metrópole no sentido de limitar liberdades e a democracia. A juntar a estes acontecimentos, o impacto da pandemia da covid-19 também terá pesado.
Durante o anúncio, Lam, de 64 anos, justificou a não candidatura com razões familiares. “Irei concluir o meu mandato de cinco anos como chefe do Executivo a 39 de junho e, oficialmente, terminar a minha carreira de 42 anos no governo. Não é uma questão de avaliar a minha prestação ou a prestação do governo de Hong Kong ao longo do deste mandato. Trata-se do meu desejo pessoal e das minhas aspirações. O meu desejo pessoal e as minhas aspirações são totalmente baseadas nas minhas considerações familiares ”
O caminho político de Carrie Lam começou em 2017, quando esta era funcionária pública com experiência na máquina administrativa de Hong Kong. O processo da sua seleção partiu de um comité composto por mais de mil dirigentes. Tal como nota o Público, estes são escolhidos por estarem alinhados com o Partido Comunista Chinês, de forma a garantir a influência do chefe do Executivo.
Um exemplo claro foram as manifestações que se seguiram à entrada em vigor da lei da extradição, a qual previa o envio de suspeitos e criminosos para a China continental, território onde vigora a pena de morte e não existe a independência judicial. A dimensão que os protestos atingiram foi de tal ordem grande que já não contestavam apenas a lei, mas todo o caminho que estava a ser seguido pelas autoridades e que desviavam o território de uma democracia.
A lei da extradição acabou por cair, mas em junho de 2020, no auge da pandemia e quando esta dominava o espaço mediático, a China impôs a aplicação da lei da Segurança Nacional, a qual permitia a criminalização dos atos de crítica e oposição à China e à sua representação no território. Desde então, centenas de pessoas foram detidas, sobretudo por ligações a atividade de cari político.
Estes desenvolvimentos valeram à líder e a Hong Kong sanções impostas pelos Estados Unidos.
Segundo os meios de comunicação internacionais, John Lee, o número dois de Carrie Lam, é visto como o provável futuro ocupante do cargo. Anteriormente, teve uma carreira no aparelho de segurança de Hong Kong, com destaque para a aplicação da referida legislação.Outros nomes que vão sendo sugeridos são os do atual secretário de Finanças, Paul Chan, e o antigo chefe do Executivo, Leung Chun-ying, apesar de nenhum ter apresentado formalmente a candidatura.