Antigo governador do Banco de Portugal avisa que o país tem dois atrasos estruturais e que a criação de emprego não pode ser uma “qualquer”.
Carlos Costa era uma figura assídua nas notícias até há uns anos, quando era governador do Banco de Portugal.
Deixou o cargo e praticamente desapareceu do espaço público. Há sete anos, segundo o próprio.
Agora quebrou o silêncio e falou sobre um Orçamento do Estado “possível, tendo em conta o equilíbrio de forças políticas. É o possível para garantir estabilidade política”.
Na RTP, Carlos Costa disse que é “decisivo” ter um documento que promova o crescimento económico em Portugal.
Em relação ao IRS Jovem, o seu foco foi outro: “O problema dos jovens não se resolve sem criação de emprego. E não é uma criação de emprego qualquer, de baixa qualificação, de baixo valor acrescentado – tem de ser de alto valor acrescentado, necessário para pagar maiores salários e para dar resposta aos jovens talentosos e formados”.
Nesse contexto, defende a criação de emprego com “maior nível de incorporação tecnológica e com maior nível de incorporação de conhecimento”. Tudo para captar talentos e, reforça, criar emprego qualificado.
O antigo governador do Banco de Portugal espera ver em Portugal uma estabilidade política para assegurar estabilidade macro-económica.
Fazendo uma comparação com uma caixa de velocidades de um carro, temos de “passar da segunda para a quarta ou sexta velocidade”.
E avisou: Portugal tem dois atrasos importantes. “Faltam-nos as últimas milhas para um problema para o qual a Europa acordou agora: atraso estrutural relativamente aos EUA”.
“E nós temos de acordar para o nosso atraso estrutural relativamente à Europa. O que significa que temos dois atrasos estruturais. E, se perdermos a corrida face à Europa, perderíamos definitivamente duas corridas”, alertou.
Carlos Costa não falou sobre Mário Centeno, o actual governador do Banco de Portugal.