O presidente do PS deixou críticas ao PSD e comentou as negociações com a esquerda para o Orçamento de Estado.
Em entrevista ao Observador, o presidente do PS, que acabou de ser reeleito no Congresso do partido, deixou recados sobre as negociações para o Orçamento de Estado e comentou a liderança do PSD.
Carlos César explica que os socialistas têm de garantir a estabilidade política para conseguirem a aprovação do OE, mas alerta que “não pode comprometer a estabilidade económica, nem social”. O Orçamento de Estado para 2022 vai também definir os seguintes.
“Este próximo orçamento é muito influenciado pelos instrumentos que lhe estão associados, que são o quadro comunitário e o PRR. Portanto vê-se com certeza neste Orçamento o perfil do seguinte. E num plano político, a verdade é que este Orçamento precede o último da legislatura, portanto há aqui também uma influência e um contexto que condiciona mais todas as formações parlamentares”, afirma Carlos César.
O presidente do PS acredita também que “será muito difícil executar como tem de ser executado o Plano de Recuperação e Resiliência e os fundos comunitários” caso o OE não seja aprovado.
Carlos César teceu elogios aos comunistas pela responsabilidade e estabilidade que têm proporcionado. “O PCP tem tido um comportamento muito responsável nessa matéria, porque tem privilegiado um conjunto de medidas setoriais que lhes são relevantes. Portanto tem uma metodologia no relacionamento com o Governo de ir conquistando passo a passo”, considera.
Já o Bloco de Esquerda é alvo de críticas por fazer uma “globalização mediatizante”, que “torna mais difícil a perceção e a formação de acordos.” “Evidentemente que o PS tem limites… a estabilidade não pode ser feita a qualquer preço”, remata César.
O presidente do PS acredita também que o PSD atravessa uma “crise de identidade”, que a liderança está “um pouco confusa”.
“O Dr. Rui Rio é um pouco instável e não é fácil detetar o que ele dirá no dia seguinte. Ele já disse uma coisa e o seu contrário; a única forma que temos de averiguar realmente o que acontece com o PSD não é se é respeitada a vontade do seu líder, mas o que de forma factual se vier a verificar”, critica.