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O caranguejo “supervilão” do Canadá vai ser transformado em plástico biodegradável

Uma equipa de cientistas no Canadá desenvolveu um plano para transformar uma espécie invasora de crustáceo – conhecida como como caranguejo supervilão – em copos e talheres  de “plástico”, usando as suas carapaças para criar um material resistente e biodegradável.

O projeto, desenvolvido por Audrey Moores, químico da Universidade McGill, visa combater a crescente população de caranguejos verdes europeus (Carcinus maenas) que assolam as praias do litoral do Parque Nacional Kejimkujik, na Nova Escócia, desde os anos 80.

De acordo com o portal Fisheries and Oceans Canada, os caranguejos verdes europeus estão na lista das 10 espécies mais indesejadas do mundo.

Este caranguejo costeiro altamente resiliente tem devastado os ambientes marinhos, com uma taxa reprodutiva impressionante, em que uma fêmea pode produzir mais de 175 mil ovos na sua vida, permitindo que a espécie domine rapidamente habitats.

Além disso, estes predadores vorazes conseguem sobreviver fora da água durante vários dias, deixando uma série de vítimas entre as marés, incluindo ostras, mexilhões, amêijoas e caranguejos jovens.

As espécies invasoras colocaram alvos nas costas de uma série de organismos ambientais, com esperanças de preservar os delicados ecossistemas que ameaçam. Assim, é um bónus quando a erradicação de uma espécie invasora pode fornecer benefícios ambientais – e isto é exatamente o que a equipa liderada por Moores pretende fazer ao proteger o parque estadual e, ao mesmo tempo, reduzir a quantidade de lixo plástico que entra nos oceanos.

A equipa de Moores recolheu caranguejos “supervilões” e processou as suas conchas, esmagando-as em pó e combinando-as com um pó especial. Depois, extrairam uma substância química chamada quitina, que pode ser usada como base para um material resistente semelhante ao plástico.

Até agora, os resultados desse método produziram uma estrutura muito dura, quase semelhante ao vidro. O projeto ainda tem um caminho a percorrer na criação de um material mais moldável, com o objetivo final de que as conchas se tornem copos e talheres ecológicos.

É a primeira vez que se estabelece um método de criação de “plástico” que não envolve a libertação de materiais tóxicos nocivos, tanto na sua produção como na degradação, o que difere dos métodos anteriores que usam ácido clorídrico para extrair quitina de conchas de crustáceos, produzindo um volume significativo de águas residuais contaminadas quimicamente no processo.

“O que sabemos é que, se usarmos carapaças de caranguejo, camarão, lagosta, teremos resultados muito bons, por isso estamos bastante confiantes de que o caranguejo verde não deve ser diferente”, disse Moores, em declarações à CBC. “Se pudermos fazer com que estas espécies se tornem um círculo completo como uma solução para a questão da poluição plástica que todos os oceanos enfrentam hoje, acho que essa será uma maneira excelente e inovadora de resolver o problema das espécies invasoras”.

ZAP //

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