Está cada vez mais claro – apenas metaforicamente falando – que foi a ausência de luz, devido às poeiras resultantes do asteroide caído no Golfo do México, há 66 milhões de anos, que provocou a extinção dos dinossauros.
Um estudo publicado, esta segunda-feira, na Nature Geoscience, sugere que as partículas finas de poeira na atmosfera contribuíram significativamente para a extinção dos dinossauros, há aproximadamente 66 milhões de anos.
A teoria vulgarmente conhecida e aceite diz que um asteroide Chicxulub atingiu a Terra perto da costa do México, causando catástrofes massivas e exterminando três quartos da vida na Terra. No entanto, os detalhes de como esse fenómeno ocorreu têm sido, desde sempre, objeto de debate.
Os investigadores analisaram agora uma “cápsula do tempo” geológica que indica que o impacto do asteroide levou a uma nuvem de poeira fina que bloqueou a luz solar, arrefeceu a Terra e desorganizou a cadeia alimentar.
Teorias anteriores desconsideravam a poeira fina como um fator contribuinte, devido à falta de evidências em amostras de rochas.
Planeta às escuras
O estudo mais recente utilizou 40 amostras de sedimento de um depósito com 1,3 metros de profundidade em Tanis, Dakota do Norte (EUA) – aproximadamente a 3.000 quilómetros a norte da cratera do asteroide Chicxulub.
Os cientistas encontraram uma maior composição de poeira fina de silicato, do que se pensava anteriormente, e concluíram que aquela poeira fina foi “a partícula mais letal” libertada durante a colisão do asteroide.
O estudo mostrou que os altos níveis de poeira atmosférica poderão ter resultado em quase dois anos de escuridão global, inviabilizando a fotossíntese e fazendo colapsar a cadeia alimentar.
“Descobrimos que a escuridão global e a perda prolongada da atividade fotossintética do planeta ocorrem apenas no cenário de poeira de silicato, até quase 1,7 anos (620 dias) após o impacto”, escreveram os investigadores, citados pela Science Alert.
Animais e plantas não adaptados a tais condições terão sido extintas, enquanto as espécies com dietas e habitats flexíveis terão tido mais hipótese de sobreviver.
De acordo com a equipa de investigação, a poeira poderá ter permanecido no ar até 15 anos, levando ainda a uma queda nas temperaturas globais de 15°C.