Capitão Ferreira: Cravinho não conhecia assessoria, Helena Carreiras não viu incumprimento

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António Cotrim / Lusa

Marco Capitão Ferreira, secretário de Estado da Defesa, com o Ministro da Defesa, João Cravinho

O ex-ministro da Defesa João Gomes Cravinho assegurou hoje que não indicou Marco Capitão Ferreira para a polémica assessoria prestada à Direção-Geral de Recursos da Defesa, remetendo a responsabilidade para o antigo responsável Alberto Coelho.

“Antecipando já alguma questão neste sentido, acrescento que não houve, em nenhum momento, qualquer indicação da minha parte a esse respeito, até porque não me competia interferir no funcionamento interno da DGRDN”, afirmou João Gomes Cravinho.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, que tutelou a Defesa Nacional entre 2018 e 2022, está a ser ouvido no parlamento a requerimento do PSD e do Chega, em conjunto com a ministra da Defesa, Helena Carreiras.

Em causa está um contrato de assessoria no âmbito da renegociação dos contratos de manutenção dos helicópteros EH-101, assinado entre a DGRDN e Marco Capitão Ferreira no valor 61,5 mil euros e que foi executado em quatro dias.

Gomes Cravinho sublinhou que a decisão de contratar Marco Capitão Ferreira “foi única e exclusivamente” da DGRDN e do seu então diretor-geral, Alberto Coelho, um dos arguidos na operação ‘Tempestade Perfeita’ também envolvido na polémica derrapagem dos custos das obras do antigo Hospital Militar de Belém.

Os termos do contrato, seja a duração ou o valor, também foram unicamente da responsabilidade de Alberto Coelho, segundo Gomes Cravinho. “Acrescento ainda que desconhecia os termos do contrato estabelecido”, assegurou.

Sobre a sua relação com Capitão Ferreira, Gomes Cravinho afirmou que antes de assumir funções como ministro da Defesa  não conhecia o ex-governante, que se demitiu há exatamente duas semanas, depois de ter sido constituído arguido na operação ‘Tempestade Perfeita’.

“Ao entrar em funções, rapidamente me apercebi de que ele era uma das raras pessoas com conhecimento aprofundado nesta área muito especializada”, acrescentou o ministro.

“A sua designação para as funções de presidente da idD Portugal Defence ficou a dever-se exclusivamente à sua trajetória académica e profissional, com uma estreita ligação às indústrias de defesa, e o exercício de funções de responsabilidade”, disse ainda João Cravinho.

Mais à frente, questionado pelo PS, o anterior ministro da Defesa disse que nunca duvidou da competência de Marco Capitão Ferreira, nem viu essas dúvidas na praça pública ou na oposição, até ao momento da saída do anterior secretário de Estado.

Sobre o facto de ter nomeado Capitão Ferreira para a idD Portugal Defence e a Empordef, considerou-a “apropriada” e que o antigo governante “fez um bom trabalho nessas funções.

Ministra não detetou indícios de incumprimento da lei

A ministra da Defesa Nacional assegurou hoje que no período em que Marco Capitão Ferreira esteve no Governo nunca detetou indícios de que incumpriu a lei.

“Embora não saiba ao certo as razões que levaram a buscas na residência do professor Marco Capitão Ferreira, posso assegurar que, no período em que trabalhei com ele, nunca detetei qualquer indício de que o secretário de Estado da Defesa Nacional não agia no estrito cumprimento das suas competências e no respeito pela Lei”, assegurou Helena Carreiras.

Numa primeira intervenção, a ministra da Defesa disse ter decidido proceder “à reestruturação orgânica da Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional”.

“Acredito que a fusão realizada no passado entre duas grandes direções-gerais, a de Pessoal e Recrutamento Militar, e a de Armamento e Infraestruturas de Defesa, representou uma enorme sobrecarga sobre os recursos humanos, concentrou em poucos os poderes de direção, e criou riscos que importa mitigar”, sustentou a governante.

Helena Carreiras adiantou que, com esta reestruturação, pretende que “seja retomada uma Direção e Controlo efetivos, ao nível dos serviços, em matérias tão relevantes e tão sensíveis como os Recursos Humanos, o desenvolvimento de capacidades militares e o património da Defesa Nacional”.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Obviamente que ninguém nota nada. Afinal este primeiro ministro também não notou que no governo anterior o seu primeiro ministro andava a roubar e o ministro da economia era avençado de um grupo financeiro. E ninguém deu por nada. Cambada de tapados…ou ladrões.

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