Cenas de violência paralisam a capital de um país que, nos últimos meses, foi afectado também por um surto de cólera.
É um cenário de guerra. O Haiti está a viver uma época de violência, de caos, com níveis de criminalidade nunca vistos no país.
Os confrontos envolvem sobretudo duas grandes facções de gangues: G9 e G-Pep.
A capital Port-au-Prince, sobretudo a sua maior favela Cité Soleil, é o palco da maioria dos confrontos.
Nesta quinta-feira a casa do primeiro-ministro Ariel Henry foi atacada; manifestantes tentaram invadir a residência privada do primeiro-ministro.
Os manifestantes paralisaram Port-au-Prince com bloqueios de estradas, tiros para o ar e um assalto ao aeroporto da cidade, relata o canal Euronews.
Nesse protesto estavam civis e agentes da polícia. Porque, só ao longo do último mês morreram 20 polícias – seis deles num dia, na quarta-feira, durante um ataque de gangues a uma esquadra. Quatro desses seis agentes mortos foram transportados por elementos de gangues para serem executados.
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que mais de metade do território de Port-au-Prince está a ser controlada por gangues.
E considera que esta é uma “estratégia para oprimir a população”, de acordo com a chefe da missão da ONU no Haiti, Helen la Lime.
“Esta violência faz parte de estratégias bem definidas para subjugar populações e expandir o controlo territorial”, disse a responsável.
Franco atiradores têm matado homens, mulheres e crianças. Dezenas de mulheres e crianças haitianas, de até 10 anos, também foram brutalmente violadas – é “uma táctica para espalhar o medo e destruir o tecido social das comunidades sob o controle de gangues rivais”.
Segundo a ONU, os rebeldes estão também a bloquear propositadamente acesso a comida, água e cuidados de saúde.
Isto num país que atravessa um surto de cólera, que já matou mais de 500 pessoas em menos de quatro meses.
Quase cinco milhões de haitianos passam fome. O Haiti atravessa uma grave crise de segurança e alimentar.
Só em 2022, houve mais de 1.300 sequestros no país e mais de 2 mil pessoas foram assassinadas.
A ONU repete o apelo: é preciso enviar uma força especializada internacional para ajudar a Polícia Nacional do Haiti.