A cantora ucraniana Maruv, vencedora do concurso nacional equivalente ao Festival da Canção, e que iria representar a Ucrânia na Eurovisão, renunciou, esta segunda-feira, ao lugar por pressões políticas.
No sábado, Maruv, uma cantora de 27 anos, foi escolhida para representar a Ucrâia na Eurovisão, com o tema “Siren Song”. Esta segunda-feira, Anna Korsun renunciou ao lugar por desentendimentos com a emissora estatal do país, a UA:PBC, que promove o concurso.
Segundo o Observador, o primeiro conflito entre a artista e os organismos ucranianos deveu-se à impossibilidade de atua na Rússia, país com o qual a Ucrânia tem tido confrontos militares e diplomáticos sobretudo desde a anexação da Crimeia pelo regime de Putin, em 2014.
Maruv tinha concertos agendados na Rússia e foi-lhe dado um prazo de 24 horas para assinar um contrato que a impediria de atuar naquele país. Caso não assinasse, não poderia representar a Ucrânia na Eurovisão, apesar de ter vencido o concurso de apuramento.
À BBC, a cantora disse que estava disponível para cancelar a sua digressão à Rússia, mas o contrato que a impedia de atuar naquele país tinha outras cláusulas que considerava problemáticas. Como não quis aceitar aquilo que chamou de “censura“, a cantora desistiu de representar a Ucrânia na próxima edição da Eurovisão.
“Sou uma cidadã da Ucrânia, pago impostos e sinceramente amo a Ucrânia. Mas não estou disponível para me dirigir [às pessoas] com slogans, transformando a minha participação no concurso em promoção dos nossos políticos. Agradeço mesmo e fico muito grata a todos os que acreditaram e votaram em mim. Peço-vos para aceitarem esta situação e não entrarem numa onda de confrontação”, escreveu Maruv no Facebook.
Na mesma publicação, a cantora escreveu que não quis ceder a uma lista de exigências que incluía a impossibilidade de improvisar sem aprovação prévia, de transferir imediatamente os direitos de autor da sua canção para o grupo editorial Warner Music ou de falar com jornalistas sem consentimento.
Em contraposição, a estação pública afirmou que o representando do país tem “o compromisso de ser embaixador cultural da Ucrânia e de não só mostrar a sua música como expressar a opinião da sociedade ucraniana no mundo”.
Como não encontrou “base para acordo”, a UA:PBC expressou receio de que a participação de Maruv pudesse “escalar as divisões na sociedade ucraniana“. O Ministério da Cultura ucraniano apoio a estação, afirmando que apenas “patriotas que estejam conscientes das suas responsabilidades” podem representar o país.