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Cancro e gravidez podem ser mais semelhantes do que pensávamos

O cancro e a gravidez podem ter mais semelhanças entre si, a nível celular, do que se poderia pensar. Segundo um novo estudo, a placenta “invade” o útero da mesma forma que o cancro invade o corpo.

No início da gravidez humana, as células da placenta infiltram-se numa artéria principal do útero e ultrapassa-a, de acordo com o National Institutes of Health. Esta “invasão” amplia o vaso sanguíneo e permite que o oxigénio e os nutrientes fluam facilmente entre a mãe e o feto em desenvolvimento. Agora, os cientistas da Universidade de Yale pensam que as células cancerígenas podem usar uma tática semelhante para se apoderaram dos tecidos do corpo.

Certos mamíferos, incluindo os seres humanos, parecem ter uma tendência maior para desenvolver cancros malignos. O novo estudo, publicado este mês na revista científica Nature Ecology & Evolution, sugere uma explicação para isso.

Nos animais em que a placenta invade o útero, os cancros malignos tendem a surgir com mais frequência. Enquanto isso, animais como vacas, cavalos e porcos – cujas placentas não rompem o útero – raramente desenvolvem cancros que se espalham por todo o corpo.

“Queríamos descobrir por que, por exemplo, o melanoma ocorre em bovinos e equídeos, mas permanece amplamente benigno, enquanto é altamente maligno em humanos”, disse o co-autor Günter Wagner, professor de ecologia e biologia evolutiva da Universidade de Yale em comunicado.

Estudos anteriores sugeriram que, à medida que o cancro se espalha pelo corpo humano, as células cancerígenas “reativam” genes que normalmente só funcionam no início da vida – quando estamos no útero, disse Wagner.

Os genes ajudam a proteger o feto em desenvolvimento do sistema imunológico da mãe, o que pode confundir o bebé como um invasor perigoso, além de controlar o desenvolvimento da placenta.

A equipa concentrou-se em identificar as diferenças entre as células da vaca e as humanas para descobrir porque é que um mamífero parece mais resistente ao cancro invasivo que o outro. Primeiro, cultivaram tecidos conjuntivos de ambos os mamíferos no laboratório e analisaram o código genético de cada um.

A equipa detetou vários genes que pareciam altamente ativos nas células humanas, mas que eram constantemente desativados no tecido da vaca. O tecido da vaca parecia melhor equipado para impedir as células cancerígenas invasoras, enquanto o tecido humano cedia rapidamente aos tumores atacantes.

A equipa perguntou-se o que poderia acontecer se desativassem “genes selecionados” nas células humanas para torná-los mais “parecidos com vacas”. Assim, sem a entrada de certos genes, as células humanas pareciam menos vulneráveis à invasão do cancro.

Os autores sugerem que os humanos podem ter feito uma troca evolutiva, trocando o desenvolvimento saudável no útero por um risco aumentado de cancro maligno mais tarde.

Futuros tratamentos contra o cancro poderão superar estas vulnerabilidades, visando genes problemáticos. Ao modificar células humanas para serem mais parecidas com vacas, novas terapias poderão subjugar a disseminação de cancros agressivos.

ZAP //

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