A resposta contra o cancro pode ser atacar o ácido lático presente nos tumores

O ácido lático presente nas células cancerígenas leva a que os macrófagos acabem por começar a alimentar o crescimento do tumor.

Já há algum tempo que os cientistas sabem que o ácido lático alimenta o crescimento dos tumores, mas os mecanismos biológicos desta relação continuavam um mistério.

Um novo estudo publicado na Cell Reports oferece algumas respostas a esta questão que podem vir a ser úteis no avanço os tratamentos contra o cancro, nota o New Atlas.

As células cancerígenas já eram conhecidas por aumentarem a produção de ácido lático, ajudando assim o tumor a crescer. A nova investigação olhou para como é que este processo acontece ao analisar células imunes saudáveis chamadas macrófagos, que são essenciais para a deteção e destruição de organismos prejudiciais no nosso corpo, como bactérias, e que ajudam a “acordar” outras células imunitárias.

Sabe-se que os macrófagos existem em grandes quantidades dentro dos tumores, onde podem influenciar a progressão do cancro. Desta forma, os cientistas estudaram as suas características metabólicas através de amostras ex-vivo.

A analise revelou que os macrófagos usam o ácido lático neste ambiente para energia, mas que começam depois a transformar-se em células que alimentam o crescimento do tumor em vez de o atacar. O ácido lático leva também a que os macrófagos neutralizem a resposta das células imunitárias que atacariam o cancro.

“Os macrófagos estão presentes em grandes números nos tumores, mas são enganados por eles e ajudam-nos a crescer. Com o ácido lático das células cancerígenas, os macrófagos mantém-se vivos mas eventualmente tornam-se células que promovem os tumores”, revela Jo Van Ginderachter, autor do estudo.

Desta forma, impedir a formação do ácido lático nos tumores pode ser a resposta para tornar os tratamentos para cancro mais eficazes. Prevenir a sua produção no total é uma solução possível, apesar de haver dúvidas sobre se seria possível diminuí-la até ao nível necessário. Outras alternativas são neutralizá-lo com um “amortecedor” ou usar químicos que impeçam que os macrófagos se alimentem do ácido.

“A pesquisa sobre estes problemas ainda está a ser feita no nosso laboratório, para que os medicamentos futuros possam ser entregues diretamente no tumor ou nos macrófagos, evitando assim os efeitos secundários”, remata Van Ginderachter.

ZAP //

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