Os deputados canadianos aprovaram esta quinta-feira, por unanimidade, uma moção para revogar a cidadania honorária concedida à líder do Governo birmanês, Aung San Suu Kyi, pela sua recusa em denunciar “o genocídio” da minoria muçulmana rohingya.
A também Prémio Nobel da Paz, que é primeira conselheira de Estado (equivalente ao cargo de primeira-ministra) do Governo de Myanmar, a antiga Birmânia, tinha recebido a cidadania canadiana honorária em 2007, quando vivia ainda em prisão domiciliária no seu país.
A reputação Suu Kyi tem sido manchada, desde a chegada ao poder, pela sua recusa em acabar com as atrocidades cometidas pelo Exército contra os rohingyas, que os deputados canadianos qualificam de genocídio.
“Em 2007, a Câmara dos Comuns concedeu a Aung San Suu Kyi o estatuto de cidadã canadiana honorária. Hoje, a câmara adotou, por unanimidade, uma moção para lhe retirar esse estatuto”, disse Adam Austen, porta-voz da ministra dos Negócios Estrangeiros canadiana, Chrystia Freeland. Os rohingyas são tratados como estrangeiros em Myanmar, um país de larga maioria budista.
Entre agosto e dezembro de 2017, mais de 700 mil rohingyas deixaram o país rumo ao Bangladesh, após uma ofensiva do Exército marcada por raptos, violações, execuções extrajudiciais e vilas e aldeias incendiadas.
“O nosso Governo apoiou esta moção em resposta à recusa persistente em denunciar o genocídio dos rohingyas, um crime cometido pelas Forças Armadas do país, com quem [Suu Kyi] partilha o poder”, explicou Adam Austen.
O porta-voz adiantou que o Canadá continuará a apoiar os rohingyas, oferecendo-lhes ajuda humanitária, impondo sanções contra os generais de Myanmar e exigindo que os responsáveis sejam julgados pelos seus atos em organismo internacional competente.
Em maio, Otava prometeu uma ajuda adicional de cerca de 200 milhões de euros, durante três anos, para melhorar as condições de vida dos rohingyas nos campos de refugiados do Bangladesh.
O Canadá concedeu a cidadania honorária a apenas cinco pessoas, entre as quais Nelson Mandela, Dalai Lama e Malala Yusafzai.
// Lusa