Campeã de xadrez russa suspensa após envenenar tabuleiro da rival com mercúrio

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chess.com

Uma jogadora de xadrez foi suspensa pela Federação Russa da modalidade e enfrenta uma possível pena de prisão depois de alegadamente ter tentado envenenar a sua adversária colocando mercúrio nas peças da rival durante um torneio.

A Federação Russa de Xadrez está a investigar Amina Abakarova, jogadora que foi suspensa de todas as competições depois de ter sido acusada de tentar envenenar as peças do seu adversário, anunciaram as autoridades russas.

A acusação de “conspiração contra um rival” poderá valer à jogadora uma pena de até 3 anos de prisão e a suspensão vitalícia de todas as competições de xadrez do país.

O episódio, inicialmente revelado pelo canal Baza no Telegram, ocorreu a semana passada, durante o Campeonato da República do Daguestão, em Makhachkala, a capital da república russa do Daguestão.

O Ministro dos Desportos do Daguestão, Sazhid Sazhidov, afirmou em comunicado que Abakarova “tratou o tabuleiro de xadrez com uma substância desconhecida, que mais tarde se revelou ser compostos de mercúrio”.

Abakarova, de 40 anos, foi apanhada pelas câmaras de vigilância do local em que se realizava o torneio, que registaram o momento em a jogadora, campeã de xadrez russa, deita  mercúrio nas peças da adversária, a também daguestani Umayganat Osmanova, de 30 anos.

Nas imagens, entretanto divulgadas nas redes sociais, vê-se Abakarova a aproximar-se sorrateiramente do tableiro, enquanto verifica que não está a ser observada, e a tirar um frasco de um saco — cujo conteúdo deita então em algumas das peças da adversária.

 

Sazhidov afirmou estar “perplexo com o que aconteceu“. Os motivos que guiaram uma atleta tão experiente como Amina Abakarova “também são incompreensíveis para mim”, admitiu o ministro.

“As acões de Abakarova poderiam ter levado ao mais triste dos desfechos; ameaçaram a vida de todos os que estavam na casa de xadrez, incluindo ela própria. Agora terá de responder pelo que fez perante a lei”, concluiu Sazhidov.

Segundo o Chess.com, cerca de 20 minutos antes da partida entre as duas jogadoras, Abakarova terá perguntado se havia câmaras de vigilância a funcionar, e ter-lhe-ão dito que não.

A jogadora espalhou então nas peças de xadrez da adversária a substância altamente tóxica, cujo risco para a saúde levou até a que tivesse deixado de ser usado na sua mais popular aplicação: os tradicionais termómetros de mercúrio.

Cerca de 30 minutos mais tarde, Osmanova começou a sentir-se mal, queixando-se de náuseas e tonturas, o que a levou a pedir imediatamente assistência médica. Os médicos acabaram por concluir que a causa provável era o envenenamento.

Depois de analisar as imagens das câmaras de segurança, o árbitro da partida comunicou o facto à polícia e Abakarova foi detida.

Osmanova disse ter-se sentido “terrível, nojenta e moralmente deprimida” quando se apercebeu que tinha sido envenenada, e adiantou que outra jogadora e um membro da organização também ficaram doentes.

“Ainda me sinto mal. Nos primeiros minutos, senti falta de ar e um gosto a ferro na boca. Tive de passar cerca de cinco horas assim. Não sei o que me teria acontecido se não o tivesse percebido mais cedo”, disse ao canal russo RTVI.

Abakarova terá confessado que “queria afastar a sua adversária do torneio“, admitindo ter uma “hostilidade pessoal” para com Osmanova, que uma semana antes tinha ganho o Campeonato Rápido do Daguestão, superando-a nos desempates, e que o plano não era prejudicar Osmanova, mas sim assustá-la.

Osmanova recuperou totalmente e continuou o torneio, que terminou em segundo lugar. Abakarova terminou provavelmente a sua carreira de jogadora de xadrez — que nos próximos tempos provavelmente apenas poderá jogar na prisão.

ZAP //

2 Comments

  1. Se houve problemas, não foi com o mercúrio!
    O mercúrio pode fazer mal com exposição continuada durante muito tempo. No início do século 20 havia quem tomasse uma colher de sopa de mercúrio por dia!
    A minha geração usava mercúrio nas aulas (na altura não havia histeria) e era normal fazer a experiência de Torrichelli no liceu, em que mergulhavamos a mão, com um tubo cheio, dentro de uma tina de mercúrio.

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