Caça-fantasmas: a campanha clandestina da CIA de Trump contra a China

Dan Scavino / Wikimedia

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o presidente da China, Xi Jinping

A ideia do então presidente dos EUA era virar a opinião pública na China contra o próprio Governo. “Queríamos que perseguissem fantasmas”.

Donald Trump tentou manipular a opinião pública na China. A ideia do então presidente dos EUA era virar os chineses contra o seu próprio Governo.

A agência Reuters explica nesta quinta-feira que o plano de Trump começou em 2019 e envolveu a CIA – Agência Central de Inteligência.

A CIA foi autorizada a iniciar uma campanha clandestina nas redes sociais chinesas, precisamente com o objectivo de virar a opinião pública na China contra o seu governo.

A indicação foi dada por antigos funcionários da Casa Branca, que estavam próximos deste processo altamente confidencial.

Trump queria contra-atacar: havia inúmeros relatos sobre como a China estava a usar subornos e ameaças para obter apoio de países em desenvolvimento, em disputas geopolíticas, enquanto tentava semear divisão nos EUA através de grupos falsos.

A operação secreta envolveu a criação de identidades falsas na internet para espalhar narrativas negativas sobre o Governo liderado por Xi Jinping; ao mesmo tempo, divulgavam informações igualmente negativas em meios de comunicação noutros países.

Uma das “notícias” indicava que membros do Partido Comunista da China estavam a esconder dinheiro ilícito no estrangeiro e que havia projectos internos corruptos e a desperdiçar dinheiro dos chineses.

As narrativas até eram baseadas em factos. Mas depois eram divulgadas secretamente pela CIA sob um pretexto falso.

Uma das prioridades de Trump era “fomentar a paranóia” entre os principais líderes chineses; queriam forçar o Governo de Pequim a gastar recursos a perseguir intrusões na internet altamente controlada de Pequim: “Queríamos que eles perseguissem fantasmas”.

Esta campanha da CIA foi quase um regresso aos tempo da Guerra Fria, com métodos semelhantes aos que eram utilizados contra a URSS.

E não se limitava à China: a operação visava a opinião pública noutros países do Sudeste Asiático, de África e do Pacífico Sul.

A agência Reuters não conseguiu perceber se Joe Biden mantém esta campanha da CIA – mas, muitas vezes, este tipo de operações secretas da CIA prolongam-se para mandatos seguintes.

ZAP //

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