O eurodeputado Paulo Rangel só quer falar de autárquicas, mas o tema do momento é a sua homossexualidade. O político do PSD “saiu do armário” numa entrevista, onde lamentou que estava a ser alvo de uma campanha “negra” que teria como alvo afastá-lo da corrida à liderança do seu partido.
“Não há qualquer dúvida, agora é autárquicas, autárquicas, autárquicas e não há mais nada, nem se fala sobre mais nada”, apontou Rangel no âmbito da apresentação do programa de candidatura de Vladimiro Feliz à Câmara Municipal do Porto.
Contudo, só ele é que não quer falar do tema da sua orientação sexual. O assunto está por todo o lado, sobretudo porque Rangel revelou ao programa “Alta Definição”, da SIC, que estava a ser alvo de uma campanha “negra”.
Essa campanha teria como intenção prejudicar a sua mais que provável candidatura à liderança do PSD. E, portanto, em 2021, a homossexualidade ainda surge como uma “arma de arremesso político”, conforme destacam alguns comentadores.
Num artigo de opinião no Expresso, o comentador Pedro Santos Guerreiro escreve que Rangel já terá sido vítima de tentativas semelhantes de denegrir a sua imagem no passado recente.
Guerreiro escreve que, em 2017, Rangel estava a preparar-se para concorrer à liderança do PSD contra Rio, mas que “desistiu à última hora”, sem nunca justificar as suas razões. O comentador do Expresso alega que foi por “medo” e que “desistiu depois de anúncios de campanhas sujas”, como apontou num texto de Outubro de 2017, publicado também no Expresso.
Agora, ao assumir a homossexualidade, Rangel decidiu “matar um tema que nunca deveria nascer” e passou a ter “a hipótese de ter hipóteses” de ganhar a liderança do PSD, escreve ainda Guerreiro.
Rangel deixou a porta aberta a uma candidatura no “Alta Definição”, salientando que sempre teve “sonhos” e que não diz que “desta água não beberei um dia”.
Na entrevista à SIC, Rangel referiu que a sua orientação sexual nunca foi “segredo”, mas notou que nunca se assumiu antes, publicamente, por causa da mãe que faleceu em 2019.
“Temos de proteger um pouco as nossas famílias. Essas pessoas não têm de ser objecto deste escrutínio”, apontou ainda.
Porém, Rangel também fez questão de notar que a homossexualidade não influencia os votos das pessoas. “Em Portugal não creio mesmo. Nem agora, que é mais fácil, nem se fosse nos anos 80 ou 90”, disse.
Críticas a Rangel por não ter defendido casamentos homossexuais
Entretanto, o eurodeputado do PSD está a ser criticado por várias figuras ligadas à esquerda, nomeadamente por não ter defendido o casamento entre pessoas do mesmo sexo quando o PSD se opunha à medida.
Assim, argumentam que ele nunca lutou pelos direitos das pessoas homossexuais.
Uma das personalidades que comenta a questão é o ex-bloquista Daniel Oliveira, actual comentador político, que pergunta no Twitter se “houve um momento em que ele tivesse dito que o casamento entre pessoas do mesmo sexo devia ser igual aos outros”.
A escritora Inês Pedrosa é um pouco mais mordaz e escreve o seguinte: “Graças aos muitos e muitas que lutámos e trabalhámos arduamente e a título gratuito por isso, a orientação sexual de cada um é com cada qual e todos temos direitos iguais”. “Paulo Rangel não foi um dos que trabalhou por isso, antes pelo contrário”, conclui.
A orientação sexual de Rangel é lá com ele, e apenas com ele. Quanto ao casamento de pessoas do mesmo sexo, a posição mais racional é a de exigir o fim do casamento civil, tanto para homossexuais como para heterossexuais. O Estado não tem de se envolver em questões do foro pessoal. E quaisquer duas pessoas podem recorrer ao notário para determinar questões de partilha de propriedade. O casamento civil só apareceu para chatear a Igreja Católica e nunca teve qualquer função útil. Acabe-se portanto com ele. E com ele acabaria a polémica a que se tem vindo a assistir.
É só mais um bêbado a querer mais um tacho!
Um bebado !!! Pelo comentário nunca bebeu um copo a mais logo deve ser um santo, o estranho é um Santo ser tão maldoso.
Parece-me que no meio de tudo isto, lá surgirá mais uma oportunidade promocional da homossexualidade, porque será e com que fim?
Corrijo a notícia. O jornalista devia ler os diálogos quando cita. Estava a pedir uma informação perante alguém que dizia que a sua posição sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo tinha evoluído.. Não critiquei Rangel nem crítico. Pelo contrário, acho que não tem qualquer dever especial de ter qualquer posição específica sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Caro Daniel Oliveira,
Obrigado pelo seu reparo e esclarecimento, no seguimento do qual substituímos a expressão “criticar” por “comentar”.
Parece-me que, quando se escolhe a altura de se divulgarem aspectos que são do foro íntimo e controversos, se corre riscos de ataques como este. Não havia necessidade de sabermos a orientação sexual do sr em causa para avaliarmos as suas capacidades para lider do partido! Estamos a misturar muitos ingredientes e o resultado pode ser explosivo! Há assuntos que, de facto, só ao próprio deviam interessar mas, as redes sociais o que fizeram foi impor que se pusesse tudo “a nu” na vida de cada um. É o que temos: uma constante e quase obrigatória violação da privacidade!! É mau!!
O problema, Margarida, é ter que sofrer as consequências desse seu acto sem se poder queixar. Não sei se a altura não terá sido escolhida para disso serem tirados dividendos políticos e, se assim foi, pior um pouco. A descrição, especialmente no que diz respeito a assuntos do foro íntimo, é sempre o mais recomendável. Não devia ser só Deus a não se preocupar com o que se passa no quarto de cada um, como sugere o visado. Esta devia ser uma prática generalizada!!!
Não tenho qualquer animosidade quanto à questão em causa. Defendo, até à exaustão, o direito que cada um tem à liberdade de orientação sexual, de religião ou qualquer outra que seja. Só entendo que, da forma que a nossa sociedade reage, ainda, a este problema, para evitar sofrimento, não faz sentido apregoá-lo aos quatro ventos! Eu estou consigo, Margarida, mas o próprio Rangel achou melhor poupar a mãe. Não é pecado, mas os outros não têm necessidade de ficar a sabê-lo! Para quê? Os meus cumprimentos e a minha compreensão.