Com a ajuda da inteligência artificial, os investigadores conseguiram criar um novo tipo de microscópio que segue células específicas no cérebro em tempo real com uma grande clareza.
Numa colaboração inovadora, os cientistas avançaram as técnicas de microscopia através da integração da inteligência artificial (IA), permitindo uma compreensão mais profunda do glioblastoma, um dos cancros cerebrais mais mortais.
A investigação, publicada na revista Nature Communications, deu origem a um novo tipo de microscópio de tecidos profundos que permite aos investigadores visualizar e seguir células específicas no cérebro com uma clareza sem precedentes. Este desenvolvimento poderá levar a uma deteção mais precoce e a um melhor tratamento do glioblastoma.
Os glioblastomas, que afetam principalmente a matéria branca do cérebro, são notoriamente difíceis de estudar devido às limitações das técnicas de imagiologia convencionais. No entanto, o novo microscópio, melhorado com IA, supera estes desafios fornecendo imagens claras da atividade celular em regiões profundas do cérebro, incluindo o corpo caloso, a principal autoestrada de fibras nervosas do cérebro.
A colaboração começou quando Varun Venkataramani, um investigador do Hospital Universitário de Heidelberg, reconheceu o potencial da nova técnica de microscopia para estudar glioblastomas. O trabalho da sua equipa centra-se na compreensão da forma como estes tumores agressivos invadem e se espalham no cérebro.
A nova tecnologia permitiu-lhes observar as células do glioblastoma no seu microambiente natural em tempo real, fornecendo informações valiosas sobre o modo como estes tumores funcionam e escapam à deteção por técnicas normais de ressonância magnética, explica o SciTech Daily.
Ao permitir a observação detalhada das células do glioblastoma na substância branca, os investigadores esperam desenvolver melhores ferramentas de diagnóstico que possam detetar estes tumores mais cedo do que os métodos atuais permitem. Os avanços impulsionados pela IA já identificaram um potencial biomarcador de imagem ligado às propriedades estruturais da substância branca, que poderá ser fundamental para a deteção precoce de tumores.
Embora a tecnologia seja muito promissora, os investigadores sublinham que ainda se encontra em fase experimental e que ainda não está pronta para aplicação clínica. Os próximos passos envolvem o aperfeiçoamento da tecnologia e a integração de modalidades de imagiologia adicionais para criar ferramentas práticas para utilização em contextos clínicos normais.