Câmara de Lisboa quer só carros elétricos e residentes a circular na Baixa

A autarquia vai ainda avançar com a instalação de um sistema de videovigilância para garantir que as regras de circulação não são violadas.

Em entrevista ao Público, Filipe Anacoreta Correia, número dois de Carlos Moedas e responsável pelo pelouro da mobilidade na Câmara de Lisboa, avança que a cidade está a preparar grandes mudanças na circulação urbana.

A cidade prepara-se para implementar alterações substanciais na circulação viária, especialmente na zona central, para cumprir as exigências ambientais sem transformá-la num mero parque turístico. A expansão da Zona de Emissões Reduzidas, a inclusão da zona ribeirinha histórica, e a auditoria à rede ciclável são apenas algumas das medidas prometidas.

“Os modelos de cidade onde nós temos estudado e temos avaliado na Europa indicam-nos que medidas de ruptura em determinados territórios que tenham alguma dimensão acabam por fomentar aquilo que se chama as “Disneylândias”, que são territórios que não são habitados, que são sobretudo turísticos e, portanto, nós não achamos que esse seja o modelo ideal. No nosso entender, o modelo ideal para a Baixa é um modelo onde os residentes devem continuar a poder circular”, defende.

Anacoreto Correia defende o espaço público na baixa fique “restrito aos residentes e também aos carros eléctricos, como uma forma de diferenciar e encorajar a circulação de carros não-poluentes” e promete que um sistema de videovigilância vai ser instalado para garantir que as regras são cumpridas.

“Em toda a Europa, estas medidas de condicionamento do trânsito ou de alteração de fiscalização dos carros mais antigos, que são os mais poluentes, em determinadas zonas da cidade, foram-no através de câmaras. Na cidade de Lisboa, não foi dado nenhum passo para que isso fosse possível. E isso é qualquer coisa que me choca”, considera.

O vice da autarquia garante ainda a manutenção de vias exclusivas para bicicletas na Avenida Almirante Reis e anuncia que a Linha Intermodal Sustentável (LIOS) Ocidental provavelmente será explorada pela Carris em formato de metrobus.

A gestão do estacionamento também está sob revisão, com a Anacoreto Correia a afirmar que a EMEL vai adotar uma nova cultura que reduz a “caça à multa”. “Mudámos a própria maneira da remuneração dos fiscais da EMEL. O que nós queremos é que eles cumpram o papel, mas não sejam encorajados a multar”, afirma.