Um novo estudo sugere que os cães podem ter um talento sensorial oculto: uma espécie de bússola magnética que permite que se orientem e voltem para casa.
O faro apurado, a excelente visão e a audição sensível são algumas das características dos melhores amigos do Homem. Agora, um estudo recente sugere que os cães têm outro talento: sensibilidade a campos magnéticos.
O novo artigo científico, publicado na eLife, sugere que os cães são dotados de uma espécie de “bússolas internas” e usam-nas para calcular atalhos em terrenos desconhecidos. Segundo Catherine Lohmann, uma das autoras do estudo, a descoberta é inédita em cães.
Neste novo estudo, os investigadores colocaram câmaras e rastreadores de GPS em quatro cães e levaram os animais para uma floresta.
Os dados de GPS mostraram dois tipos de comportamento durante as viagens de regresso até aos donos: num deles, chamado acompanhamento, o cão refaz a sua rota original, seguindo o caminho do deixado pelo odor. No outro comportamento, chamado exploração, o cão retorna por uma rota totalmente nova, sem voltar atrás.
Face a estes primeiros resultados, Catherine Lohmann e Eva Benediktová decidiram analisar 233 viagens feitas por cães ao longo de três anos.
Segundo a Science, em 170 jornadas, os animais pararam durante o trajeto, realizando uma “pequena excursão de 20 metros pelo eixo Norte-Sul“. Segundo os autores, os animais que exploraram rotas alternativas conseguiram encontrar mais facilmente os seus donos.
Lohmann explica este fenómeno com o facto de os cães utilizarem a sensibilidade dos campos magnéticos para encontrar o caminho mais conveniente até ao destino final.
Investigações anteriores já haviam levantado esta hipótese de perceção do campo magnético da Terra pelos cães: em 2013, a ecologista sensorial Hynek Burda sublinhou que estes animais de quatro patas tendem a urinar e defecar sob orientação do eixo Norte-Sul.
Este comportamento está envolvido na marcação de território e o alinhamento ajuda os cães a determinar a localização em relação a outros pontos.