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Ao contrário do que se pensava, os cães sabem quando mentimos

Um novo estudo revela que, contrariamente ao que acontece com as crianças, os cães tendem a ignorar afirmações de pessoas que estão a mentir. Estas conclusões trazem uma nova luz sobre a forma como os fiéis companheiros processam informações sociais.

Ludwig Huber, um dos autores da pesquisa, afirma que, antes do estudo, a equipa achava que “os cães se comportavam como crianças com idade inferior a 5 anos”, mas a nova pesquisa mostra que é possível que os animais de quatro patas “possam entender quando alguém está a mentir”.

Para chegar a esta conclusão, a equipa concretizou uma pesquisa em que 260 cães de várias raças foram treinados para encontrar comida que se encontrava escondida em duas tigelas cobertas.

Neste sentido, os cães aprenderam a seguir a sugestão de uma pessoa que nunca conheceram – o “comunicador” – que tinha como função tocar na tigela que estava cheia de comida, olhar para o cão e dizer: “Isto é muito bom”. Esta conduta despertou a confiança dos cães, sendo que posteriormente os animais pareciam confiar nessa pessoa.

Depois de ser estabelecido um vínculo de confiança, os investigadores envolvidos na pesquisa fizeram com que os cães observassem outra pessoa – que não o “comunicador” inicial – a mover a comida da primeira para a segunda tigela.

Durante este processo, os “comunicadores” também estavam na sala e testemunharam a troca, ou estiveram ausentes por um breve período e aparentemente não perceberam que a comida havia sido trocada.

Em qualquer caso, os comunicadores recomendariam mais tarde a primeira tigela – que  estava agora vazia.

Na nova experiência, os cães não confiaram tanto nos comunicadores mentirosos, o que deixou os investigadores surpreendidos.

Metade dos cães seguiu o conselho do comunicador mentiroso, se este não tivesse testemunhado a troca de comida. Porém, cerca de dois terços dos cães ignoraram um comunicador que observou a troca de comida e ainda recomendou a tigela vazia, sendo que nesta situação os cães simplesmente se dirigiram para a tigela cheia de comida.

“Este estudo mostra-nos que os cães estão a observar-nos de perto, captando os nossos sinais sociais e aprendendo connosco, mesmo que seja fora dos contextos de treino formal”, refere Monique Udell, da Oregon State University, ao New Scientist.

O facto de metade dos cães confiar no comunicador que parecia ter cometido um erro honesto pode revelar muito sobre como estes processam informações sociais, refere Udell.

A investigadora frisa que “existem evidências genéticas e comportamentais de que os cães são hipersociais, o que significa que muitos têm dificuldade em ignorar os sinais sociais, mesmo quando outra solução pode ser mais vantajosa”, disse.

O estudo foi publicado no jornal Proceedings of the Royal Society B no dia 21 de julho.

Ana Isabel Moura, ZAP //

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