Estudo com vermes mostra que stress nos primeiros anos prolonga o tempo de vida

Unknown / Wikimedia

Caenorhabditis elegans

Cientistas que estudam a Caenorhabditis elegans descobriram que, quando este nematódo é submetido a um maior stress bioquímico no início da sua vida, tende a viver mais tempo.

Segundo o Science Alert, este tipo de stress, chamado stress oxidativo — um desequilíbrio de moléculas que contêm oxigénio que pode resultar em danos celulares e teciduais —, parece preparar melhor estes vermes para as tensões da vida adulta.

Este organismo-modelo mostrou-se muito útil para os investigadores que tentam entender melhor as principais funções biológicas presentes nos vermes e nos humanos (e o stress oxidativo é uma dessas funções).

Estas criaturas têm variações significativas na sua vida útil, mesmo quando toda a população é geneticamente idêntica e cresce exatamente nas mesmas condições. Por isso, a equipa procurou outros fatores que afetam a longevidade da Caenorhabditis elegans.

Os cientistas classificaram milhares de larvas de C. elegans com base nos níveis de stress oxidativo que experienciaram durante o desenvolvimento. Uma forma de medir este stress é pelos níveis de moléculas de espécies reativas de oxigénio (ROS) que um organismo produz. No caso destes nematódos, quanto mais ROS foram produzidas durante o seu desenvolvimento, mais tempo teve a sua vida útil.

Para explicar como esse efeito das ROS pode ocorrer, os investigadores foram procurar por mudanças na regulação genética dos vermes, especificamente aqueles genes que se sabe estarem envolvidos no tratamento do stress oxidativo.

Ao fazer isso, detetaram uma diferença fundamental — os nematódos expostos a mais ROS durante o desenvolvimento pareciam ter sofrido uma mudança epigenética que aumentou a resistência ao stress oxidativo das células do corpo.

Embora ainda haja muitas perguntas sem resposta, a equipa pensa que os resultados desta investigação identificam uma das influências estocásticas — ou aleatórias — na vida útil dos organismos. O que, no final das contas, também pode ser relevante para o envelhecimento humano. O estudo foi publicado, este mês, na revista Nature.

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