Na verdade, as cabras são muito perspicazes a ler pessoas do que pensávamos. Um novo estudo revelou que estes animais domésticos são capazes de distinguir expressões faciais humanas e preferem uma cara alegre em detrimento de uma expressão de descontentamento.
De acordo com um novo estudo da Universidade Queen Mary de Londres, publicado nesta terça-feira na Royal Society Open Sciencei, as cabras são mais atraídas para humanos com expressões felizes. A investigação sugere ainda que há uma variedade muito maior de animais capazes de ler a disposição dos humanos do que se pensava.
“Esta é a primeira evidência a mostrar que as cabras são capazes de discriminar visualmente as expressões faciais de uma espécie muito diferente, os humanos, que expressam as suas emoções de formas distintas”, disse Natalia Albuquerque, autora do estudo e etnologista da Universidade de São Paulo, no Brasil.
“E isso significa que as cabras são muito mais complexas do que pensávamos”, explicou.
Outros animais domésticos, como os cães ou os cavalos, e até alguns primatas, já tinham revelado a capacidade de reconhecer expressões faciais. O estudo pode agora ajudar a melhor compreender a “vida emocional de todos os animais domésticos”, de acordo com o comunicado da Universidade Queen Mary de Londres.
Para a investigação, os cientistas analisaram a interação de 20 cabras com expressões humanas positivas (felizes) ou negativas (tristes ou zangadas) e descobriram que os animais preferiam relacionar-se com as expressões positivas.
Alan McElligott, autor do estudo e investigador na Universidade Queen Mary, explicou que este estudo pode ter implicações importantes na forma como interagimos com o gado e com outras espécies. O investigador sublinha na mesma nota que a capacidade de percecionar expressões e emoções humanas pode ser mais extensa, não estando apenas limitada a animais domésticos ou de estimação.
Durante a experiência, as cabras observaram imagens impressas em cores cinzentas de uma mesma pessoa, que nunca tinham visto antes, com expressões felizes e zangadas. Observou-se que as imagens com caras felizes suscitavam maior interação por parte das cabras, que tendiam a aproximar-se da imagem, explorando-as com o focinho.
A equipa de investigação tenciona continuar a estudar a perceção das cabras, de forma a descobrir como é que estes animais domésticos processam as emoções. “As cabras discriminam uma pessoa irritada de uma pessoa feliz e preferem interagir com pessoas felizes”, concluiu Albuquerque em declarações ao Gizmodo.
Por isso, remata, “quando estamos perto de cabras, devemos mostrar-lhes a nossa boa disposição e carinho” – afinal de contas, estes animais percebem!
ZAP // Efe
“as cabras são muito (ou mais) perspicazes”