Novo estudo preocupa: burnout em médicos de todo o mundo

Já havia dados globais sobre enfermeiros e agora quase 10 mil médicos mostram que o esgotamento atinge os seus colegas.

O burnout, ou traduzindo, o esgotamento relacionado com o trabalho, começou a ser uma expressão muito utilizada nos últimos anos.

A pressão, os horários, a carga de trabalho… Muitos sectores são afectados, uns mais do que outros.

Os profissionais de saúde, por motivos lógicos, serão um dos mais afectados por burnout.

Já tinha havido estudos sobre esgotamentos em enfermeiros, a nível global, mas nesta quinta-feira foi publicado um estudo sobre a crise entre os médicos.

A sondagem realizada pelo Commonwealth Fund abordou quase 10 mil médicos de cuidados primários, que trabalham em 10 dos países mais desenvolvidos do planeta.

Sem surpresa, os médicos e médicas responderam que a sua carga de trabalho aumentou desde que a COVID-19 apareceu.

Como consequência, em diversos países mais de metade relatou níveis significativos de stress, sofrimento emocional e esgotamento – factores mais comuns em médicos com menos de 55 anos. Queixam-se de que o seu trabalho é muito ou mesmo extremamente stressante.

“Isto confirma que a pandemia está a causar um impacto alarmante no bem-estar da nossa força de trabalho de cuidados primários, tanto aqui nos EUA quanto em todo o mundo”, avisou o presidente do Commonwealth Fund, David Blumenthal.

E os cuidados primários, reforça David, são “a espinha dorsal de um sistema de saúde de alto desempenho e é vital para o bem-estar das comunidades”.

Países Baixos e Suíça têm os médicos mais tranquilos, mas Reino Unido, Nova Zelândia e Canadá têm os médicos mais esgotados.

Os responsáveis pelo estudo defendem que todos os sistemas de saúde em causa precisam de dar mais prioridade aos profissionais dos cuidados primários. “Só assim teremos um sistema de saúde sustentável, de alto funcionamento e alto desempenho”.

No entanto, sublinha-se outro aspecto: entre tantos médicos que sofrem, poucos procuram ajuda a nível mental. Na Alemanha, por exemplo, só 6% o fizeram. A taxa mais alta – e de apenas 23% – verificou-se na Nova Zelândia.

E a consequência lógica: os pacientes recebem cuidados de qualidade inferior, disseram os médicos.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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