Burlões do MB WAY têm novo esquema

14

As transferências para contas bancárias foram substituídas por levantamentos em caixas multibanco. Fogem ao sistema – mas há câmaras de vigilância…

A própria aplicação MB WAY tem um alerta sobre este assunto, mas as burlas continuam.

A “vaga” surgiu em simultâneo com o início da pandemia mas ainda não terminou. Embora com uma nova estratégia, nos últimos tempos.

O Jornal de Notícias lembra que as vítimas são enganadas através de um alegado negócio: muitas vítimas são pessoas que colocam anúncios na internet e o criminoso alega que está interessado no produto à venda.

Depois, o burlão diz que só faz o pagamento através de MB WAY e convence a vítima a ir a uma caixa multibanco, escolher a opção MB WAY e inserir o número de telemóvel que o criminoso indica, com um código associado.

O que acontece é que, assim, a pessoa não está a receber um pagamento através daquele número – está a associar a sua conta bancária àquele número de telemóvel (que é do criminoso).

Depois de avisos das autoridades, e de notícias sobre o assunto, o número destas burlas diminuiu: quase 5 mil inquéritos na Procuradoria-Geral da República em 2020, agora 819 neste ano.

Mas o método mudou, o esquema agora é outro: o burlão, depois de controlar a conta bancária da vítima, não realiza transferências bancárias para a sua própria conta; muitas contas eram “apanhadas” pela polícia. Agora levantam o dinheiro em caixas multibanco, da conta da vítima.

Escapam ao sistema bancário – mas podem não escapar às câmaras de vigilância que rodeiam a caixa multibanco em causa.

A burla informática origina uma pena de entre dois e oito anos de cadeia, se o valor for elevado.

(artigo actualizado)

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

14 Comments

  1. A notícia está mal redigida!

    Quando o burlão diz que está interessado em comprar o artigo que a vítima coloca à venda na net, o burlão pede que a vítima faça um “levantamento” no MBWay, dizendo que isso é o levantamento de uma referência de pagamento, quando na verdade é um levantamento da conta da vítima – que esperava receber dinheiro mas que assim vê é o dinheiro a ser levantado da sua conta.

    No caso deste artigo, o burlão vende um artigo na net (por um bom preço, obviamente) e exige à vítima que pague por MBWAy. Quando a vítima vai então pagar pelo MBWay, acaba por associar o número do burlão à sua conta, ficando este com o controlo efectivo da conta da vítima. A partir daí, o burlão ordena vários “levantamentos”, também por MBWay, ficando assim com o dinheiro da vítima em “cash”.

    Ainda há dias, recebi uma mensagem de phishing, na qual estava o número de telemóvel que enviou a mensagem. Telefonei para a PJ dizendo que tinha o número do burlão e se eles podiam tentar apanhá-lo. A informação que recebi é que eles não podiam fazer nada porque nenhum crime fora cometido! Pensava que andar a fazer phishing na net fosse crime, mas pelos vistos só é quando alguém é, de facto, enganado! Pobre país!

    • Bom dia, Lucas.
      De facto, havia um momento do método mal explicado: o criminoso diz à vítima que só paga (e não recebe) por MB WAY. Mas o resto do processo é igual.
      O artigo foi actualizado.
      Obrigado.

  2. Grande confusão nessas cabeças pensadoras: o criminoso/burlão demonstra interesse num produto que a pessoa/vitima tem para vender na internet. Por obra e graça do espirito santo, o criminoso/burlão comprador, em vez de pagar, passa a a receber o pagamento? Não bate certa a bota com a perdigota…

    • Sim, bate certo. O “A” convence a vitima, o “B”, a fazer o pagamento por MBWAY. Se o “B” não tem ainda o acesso, vai à caixa multibanco, conforme as instruções do “A”, e associa a conta MBWAY que vai criar ao número de telefone do “A”. Assim este “A” passa a ter acesso à conta do “B” e pode fazer os levantamentos que entender até ao saldo disponível. Tudo depende da conversa do “A” e da forma como convence o “B”.
      Este é esquema mais frequente.
      Se o “B” já tem MBWAY é porque já conhece como tudo trabalha e não cai nessa.
      Quando, na criação da conta, associamos o número de telefone é SEMPRE ao nosso telefone e NUNCA ao telefone de outra pessoa qualquer.

    • Os burlões aproveitam-se de duas coisas:
      1. A vontade do vendedor querer vender rápido e pelo preço pretendido (já fui contactado passados menos de 30 minutos de colocar múltiplos anúncios e o burlão queria comprar tudo sem discutir preço).

      2. A ignorância de muitos utilizadores do MB Way no envio e receção de dinheiro.

      Junte as duas coisas e é bem provável que em 100 tentativas, consigam enganar 1 ou 2 pessoas.

    • Bom dia, Mag.
      De facto, havia um momento do método mal explicado: o criminoso diz à vítima que só paga (e não recebe) por MB WAY. Mas o resto do processo é igual.
      O artigo foi actualizado.
      Obrigado.

  3. Apesar do interesse do público, há detalhes que nunca devem ser divulgados, principalmente os relativos a como a polícia apanha os bandidos!
    Caso sejam divulgados, os criminosos refinam a sua actuação, e são prejudicados, ainda em maior medida, outros interesses desse mesmo público, como: não ser vítima e não ficar sem meios de prova para que sejam responsabilizados os autores!

  4. O binómio comprar vs vender existe desde a idade da “pedra”, quem está vendedor não está comprador, não tem nada a ver com iliteracia digital.
    Não obstante, o que eu esmiucei foi a forma errada de descrever o modus operandi…

  5. Tristeza falarem ainda disso. O MB WAY devia de ser processado pois não devia permitir que aderir-sem telemóveis não associados a conta do Banco muito menos telemóveis não registados. A mim furtaram-me 400€ por levantamento em Caixas Multibanco, depois de várias queixas no Olx, no Banco e na polícia, foi tudo arquivado. Isto já faz 4 anos e ainda continua a haver Burlas por MB WAY é porque alguma coisa não está bem.

  6. A pior burla que aí anda não é esta do MBWYA. É a dos impostos. Dizem-nos para pagar, que é para redistribuir pelos mais necessitados e para prestar serviços públicos como a justiça, saúde, educação… Eu pago impostos mas depois tenho de recorrer à saúde no privado, os meus filhos estudam em colégios privados e quanto à justiça nem sei o que é isso. Nem vale a pena lá ir. É comer e calar. E o dinheiro que pagamos nos impostos afinal vai para os familiares dos autarcas, dos governantes, para centros de exposições, para empresas dos irmãos dos presidentes de câmara, para Phd com mais de 500 empresas,…
    A quem é que nos devemos queixar desta burla?!

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.