Os buracos negros do Universo crescem mais rapidamente do que as estrelas das galáxias onde estão posicionados e são maiores do que se acreditava até agora.
Os astrofísicos do Instituto de Ciências do Espaço (ICE-CSIC) da Espanha e do Instituto de Estudos Espaciais da Catalunha (IEEC), dirigidos por Mar Mezcua, analisaram 72 buracos negros em algumas das galáxias mais brilhantes e massivas do Universo, situadas no centro de galáxias que se encontram a distâncias de aproximadamente 3,5 mil milhões de anos-luz da Terra.
Os resultados foram publicados esta quinta-feira na edição impressa da revista “Monthly Notices of the Royal Astronomical Society”.
Para realizar a descoberta, os especialistas utilizaram dados do observatório de raios X Chandra da NASA e dos comprimentos de ondas de rádio dos telescópios Australia Telescope Compact Array (Austrália), Karl G. Jansky Very Large Array (EUA) e do Very Long Baseline Array, também nos Estados Unidos.
Mezcua e os seus colaboradores estimaram as massas dos buracos negros dos cúmulos de galáxias utilizando uma relação entre a massa de um buraco negro e as emissões em ondas de rádio e raios-x a ele associadas.
Segundo Mezcua, os cientistas “acreditavam que as massas dos buracos negros eram dez vezes maiores do que as estimadas por outro método que assumia que os buracos negros e as galáxias cresciam ao mesmo tempo“.
“Encontramos buracos negros que são muitos maiores do que esperávamos. Talvez tenham começado a crescer antes ou, talvez, tenham tido uma vantagem na velocidade de crescimento que durou milhares de milhões de anos”, disse Mezcua.
Os cientistas descobriram que quase metade dos buracos negros da sua amostragem tinha massas de, pelo menos, 10 mil milhões de vezes a massa do Sol, o que os situa numa categoria de massa extrema, que alguns astrónomos denominam buracos negros “supermassivos”.
“Sabemos que os buracos negros são objetos extremos”, indicou a coautora do estudo Julie Hlavacek-Larrondo, da Universidade de Montreal, no Canadá, “é por isso que não nos surpreende o facto de os exemplos mais extremos quebrarem as regras que pensávamos que deveriam seguir”.
Segundo o IEEC, outro estudo internacional também confirmou que o crescimento dos maiores buracos negros do Universo está a superar a taxa de formação de estrelas nas galáxias onde estão situados.
Durante muitos anos, os astrónomos obtiveram dados sobre a formação de estrelas nas galáxias e do crescimento dos buracos negros supermassivos – ou seja, aqueles que têm massas de milhões e de milhares de milhões de vezes a do Sol – situados nos seus centros.
Esses dados sugeriam que os buracos negros e as estrelas nas suas galáxias cresciam ao mesmo tempo, mas os resultados de dois grupos de investigadores, que realizaram os estudos de maneira independente, coincidiram em afirmar que os buracos negros das galáxias massivas cresceram muito mais rapidamente que nas inferiores em massa.
// EFE
Existe aqui uma lógica , pois os buracos negros além de sugarem grandes quantidades de gás e poeira cósmicos, também engolem estrelas, e isto fá-los crescer rapidamente em termos de massa.