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Em Bristol, as gaivotas sabem as horas do recreio para poder roubar comida

Cientistas que estudam estas astutas aves descobriram que estão tão bem adaptadas aos nossos ambientes urbanos que sabem exatamente onde procurar comida e, mais importante, quando o fazer.

Bristol é uma das cidades no Reino Unido mais infestadas de gaivotas. Por isso, investigadores da sua principal universidade decidiram estudar o seu comportamento, conta o site Science Alert.

No verão de 2018, uma equipa de cientistas instalou dispositivos GPS numa série de gaivotas-de-asa-escura (Larus fuscus) para rastrear os seus movimentos durante um mês, tendo-se focado em três áreas de alimentação perto dos seus ninhos: um parque, uma escola e um centro de resíduos.

A cada 15 minutos, durante sete dias por semana, os investigadores também contaram o número de gaivotas-prateadas (Larus argentatus), de guinchos-comuns (Chroicocephalus ridibundus) e de alcatrazes-comuns (Larus marinus) em cada local, bem como o número de pessoas em redor e a disponibilidade de alimento.

“Tanto na escola como no centro de resíduos, as gaivotas ficavam à espera nos telhados em redor, antes dos intervalos escolares e de o lixo ser descarregado, sugerindo que estavam lá especificamente à espera que a comida ficasse disponível”, escrevem os autores do estudo publicado, a 2 de novembro, na revista científica Ibis.

“A previsibilidade temporal das fontes de alimento nestes locais parece ter resultado numa abordagem de se sentar e esperar, em vez de procurar ativamente por comida”, acrescentam.

No caso da escola, os cientistas contaram o maior número de pássaros por volta das 11h15 e das 12h45, ou seja, durante os intervalos do meio da manhã e do meio da tarde, quando o recreio tem mais crianças a comer os seus snacks.

Durante o fim-de-semana, quando a escola e a lixeira estão fechadas, as aves com os rastreadores GPS também não visitavam os três locais com a mesma frequência.

A procura de alimentos no parque, por outro lado, parecia estar menos relacionada com a atividade humana e mais com os recursos naturais. No início da manhã, as gaivotas do estudo voavam geralmente para este sítio, onde eram vistas a bicar o solo.

“Embora já toda a gente tenha experimentado ou visto gaivotas a roubar comida de outras pessoas nos parques, estas que analisámos costumavam parar lá durante a manhã, e isso pode ser porque minhocas e insetos estão mais presentes nessas primeiras horas”, explica Anouk Spelt, investigadora da Universidade de Bristol e uma das autoras do estudo.

Uma outra descoberta particularmente interessante foi o tempo escalonado de todas as três fontes de alimento, o que levanta a possibilidade de que algumas gaivotas estejam a viajar de um recurso para outro, sincronizando a sua procura com os vários horários humanos.

ZAP //

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