Covid-19: Brasil escolheu Portugal para treinar “com segurança”

Marcello Casal Jr / ABr

Mais de 200 atletas do programa olímpico brasileiro foram escolhidos para voltar aos treinos, em Rio Maior: “Aqui é totalmente diferente do Brasil, onde o momento é muito crítico”.

A ‘Missão Europa’ é o projeto do Comité Olímpico Brasileiro (COB) que reúne atletas, ou já qualificados, ou em processo de qualificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio, para esses desportistas treinarem na Europa.

Para já, em Portugal, entre julho e dezembro. Rio Maior é o centro das operações, com algumas especialidades a serem trabalhadas em Sangalhos, Coimbra e Cascais. Os atletas brasileiros, de diversas modalidades, são divididos em várias comitivas, em momentos diferentes. Ao todo, mais de 200 atletas de 16 modalidades, ou já estiveram, ou estarão em Portugal.

Em entrevista ao canal oficial dos Jogos Olímpicos, o diretor do COB justificou a decisão de deixar o Brasil, um dos países muito afetados pela covid-19: “Queremos que os atletas brasileiros treinem com segurança e com qualidade depois de um longo período de inatividade, oferecendo-lhes a melhor estrutura possível”.

“O objetivo é promover o regresso ao treino de alto nível para os atletas que estão no processo de qualificação para os Jogos Olímpicos e para os atletas que já estão qualificados. E os resultados têm sido muito positivos para nós e reforçam a ideia de termos uma base de treinos permanente na Europa. Voltaremos à Europa antes dos Jogos Olímpicos, de certeza”, completou Jorge Bichara.

Uma das atletas que tem treinado em Rio Maior é Erica Rocha de Sena, a melhor brasileira de sempre nos 20km marcha, que passou muito tempo dentro de casa sem treinar por causa do coronavírus. Mas agora está a aproveitar a sua melhor fase do ano: “Vir para Portugal foi maravilhoso, está a ser a melhor fase do ano para mim e estou a aproveitar ao máximo. Antes de vir para cá, deixar de treinar passou pela minha cabeça”.

Almir dos Santos, especialista no triplo salto, está muito satisfeito com esta experiência: “Tem sido muito bom, dá para nos dedicarmos 100 por cento ao foco que são os Jogos Olímpicos. Como todos sabem, o Brasil está a passar por um momento bem delicado, bem difícil”.

Alexsandro Melo, do salto em comprimento e triplo salto, também abordou a situação delicada que se vive no Brasil: “Isto aqui é totalmente diferente do Brasil, onde o momento é muito crítico: vários centros de treino estão fechados e o COB, em conjunto com a federação brasileira, disponibilizou estas condições para alguns atletas, para virmos e ficarmos cá durante um mês”.

Curiosamente, esta reportagem foi publicada na semana em que os números do coronavírus em Portugal “dispararam”, com o registo de infetados e de mortos a atingir máximos quase diariamente. Mesmo assim, a realidade do Brasil é outra: os relatórios desta segunda-feira indicam 202 mortes num dia e 10.084 casos confirmados, igualmente num período de 24 horas.

NMT, ZAP //

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