Ex-braço-direito rói a corda a Isabel dos Santos e quer colaborar com as autoridades

Tiago Petinga / Lusa

Mário Leite Silva (esq) com Isabel dos Santos

Mário Leite da Silva mostrou-se disponível para colaborar com as autoridade angolanas em processos que visem Isabel dos Santos.

Numa carta enviada ao Presidente angolano, Mário Leite da Silva diz ter “integral disponibilidade para prestar às autoridades judiciárias angolanas todos os esclarecimentos de que seja capaz” nos processos angolanos que têm Isabel dos Santos como arguida.

De acordo com o Observador, Leite da Silva tenta afastar-se de Isabel dos Santos e revela que a empresária angolana utilizou uma empresa sua para reembolsar o financiamento que a Sonangol acordou com o seu marido para ter uma participação na Galp.

Estão em causa cerca de 72 milhões de euros, mas o reembolso foi feito em kwanzas em vez de dólares. Assim, Sindika Dokolo terá tido um ganho financeiro de 12 milhões de euros.

O antigo braço-direito de Isabel dos Santos pede que o seu processo seja separado do da filha do falecido José Eduardo dos Santos.

Leite da Silva acusa João Lourenço e o procurador-geral de Angola de terem escondido das autoridades neerlandesas um acordo que aprovaram entre a Sonangol e Isabel dos Santos, antes da apreensão dos bens da magnata.

As revelações de Leite da Silva contrariam a versão da história de Isabel dos Santos apresentada no polémico negócio da Galp.

Em 2005, a Amorim Energia adquiriu a posição de 14,2% à EDP. A Sonangol era parceira, tendo criado e realizado o capital inicial de 193,4 milhões de euros de uma sociedade holandesa chamada Esperaza Holding para entrar na Amorim Energia.

Leite da Silva argumenta que tal contrato de suprimentos, a que atribui o valor de 193,4 milhões de euros, será alegadamente falso.

Um mês depois de a Amorim Energia ter entrado na Galp, a Exem Africa Limited, de Sindika Dokolo, comprou 40% do capital da Esperaza à Sonangol. No entanto, foi a própria Sonangol quem financiou Dokolo em cerca de 85% do valor da operação, sem data para o reembolso.

Na carta a que o Observador teve acesso, Mário Leite da Silva diz “que a participação da Sonangol no negócio da Galp via Amorim Energia decorria de contactos estabelecidos pela senhora engenheira Isabel dos Santos”.

O reembolso da dívida da Exem África Limited à Sonangol foi realizado em outubro de 2017 e na moeda angolana, kwanzas. A petrolífera era então liderada por Isabel dos Santos.

Desta forma, o reembolso da dívida não foi feito na moeda com a qual tinha sido feito o contrato de compra e venda de ações da Esperaza. Sindika Dokolo teve um ganho de cerca de 12 milhões de euros, uma vez que o kwanza teve naquela altura e nos anos seguintes uma forte desvalorização.

Mário Leite da Silva sugere que Isabel dos Santos autorizou enquanto presidente da Sonangol o reembolso de uma dívida paga por si própria.

ZAP //

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